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Mundo

Presidente do Chile pede 'perdão' e anuncia pacote social

Piñera prometeu aumentar aposentadorias e salário mínimo

23 out 2019 - 08h57
(atualizado às 13h09)
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Dois dias após ter dito que o Chile estava "em guerra", o presidente Sebastián Piñera anunciou na noite desta terça-feira (22) um pacote de medidas para acalmar os manifestantes e pediu "perdão" por sua "falta de visão".

Protesto contra o governo em Santiago, capital do Chile
Protesto contra o governo em Santiago, capital do Chile
Foto: EPA / Ansa - Brasil

Em discurso à nação, o mandatário reconheceu que não foi capaz de perceber a "magnitude" da situação de desigualdade social no país, que gerou uma "expressão genuína e autêntica de milhões e milhões de chilenos".

"Reconheço essa falta de visão e peço perdão a meus compatriotas", disse Piñera. No último domingo (20), em meio ao recrudescimento dos protestos contra o governo, o presidente havia dito que o país estava "em guerra" contra um "inimigo poderoso e implacável".

O pacote social anunciado por Piñera inclui um aumento de 20% na "aposentadoria básica solidária" - benefício de 110 mil pesos (R$ 622) concedido a quem não tem plano de previdência - e no subsídio aos aposentados que recebem menos de 325 mil pesos (R$ 1,81 mil). Essas duas medidas devem beneficiar aproximadamente 1,5 milhão de cidadãos.

Além disso, o presidente prometeu uma renda mínima garantida de 350 mil pesos mensais (R$ 1,95 mil) para todos os trabalhadores com jornada completa, valor maior que o salário mínimo, que é de 301 mil pesos (R$ 1,67 mil).

O pacote ainda inclui um mecanismo de "estabilização" das tarifas de eletricidade, anulando um aumento anterior de 9,2%; um imposto de 40% sobre pessoas físicas com renda mensal superior a 8 milhões de pesos (R$ 44,55 mil) - o teto atual é de 35% -; um seguro para cobrir despesas médicas; a redução dos salários de políticos e membros do alto escalão do governo; e a diminuição do número de parlamentares, além de limites a reeleições.

Protestos

O anúncio chega após quase uma semana de protestos, que foram desencadeados por um aumento de 30 pesos (R$ 0,20) nas tarifas do metrô em Santiago, mas logo abarcaram a insatisfação com a desigualdade social e as baixas aposentadorias - o sistema previdenciário no Chile é privatizado e de capitalização.

Em reação às manifestações, Piñera decretou estado de emergência em 15 das 16 regiões do Chile, impôs toque de recolher em algumas zonas, especialmente Santiago, e colocou o Exército nas ruas. O presidente disse nesta terça que só encerrará o estado de emergência quando a segurança for totalmente restabelecida. Ao menos 18 pessoas morreram nos protestos.

Em sua audiência geral nesta quarta (23), o papa Francisco afirmou que acompanha a situação do país "com preocupação". "Espero que, colocando fim às violentas manifestações por meio do diálogo, se encontre soluções para a crise e para enfrentar as dificuldades que a geraram, pelo bem de toda a população", acrescentou.

Ansa - Brasil   
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