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Premiê do Iraque defende paramilitares apoiados pelo Irã em reunião com Tillerson

23 out 2017 - 19h25
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O primeiro-ministro do Iraque, Haidar Abadi, defendeu o papel de uma força paramilitar apoiada pelo Irã em uma reunião com o secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, nesta segunda-feira, em Bagdá.

Tillerson conversa com premiê iraquiano Haider al-Abadi em Bagdá
 23/10/2017    REUTERS/Alex Brandon/Divulgação
Tillerson conversa com premiê iraquiano Haider al-Abadi em Bagdá 23/10/2017 REUTERS/Alex Brandon/Divulgação
Foto: Reuters

Rex Tillerson desembarcou nesta segunda no Iraque, horas após o governo iraquiano repreendê-lo por ter pedido para a administração mandar para casa unidades paramilitares apoiadas pelo Irã que ajudaram a derrotar o Estado Islâmico e capturar a cidade de Kirkuk, tomada por curdos.

Em declarações na abertura da reunião com Tillerson, Abadi disse que a Mobilização Popular "faz parte das instituições iraquianas", rejeitando acusações de que está atuando como uma procuração iraniana.

"Os lutadores da Mobilização Popular devem ser encorajados porque serão a esperança do país e da região", acrescentou.

O Iraque é um dos poucos países aliado tanto aos Estados Unidos quanto ao Irã, e o esforço de Tillerson para criar uma discórdia entre Bagdá e Teerã aparenta ter saído pela culatra, gerando um duro comunicado do gabinete do premiê iraquiano.

Tillerson visitou o Iraque um dia depois de um raro encontro conjunto com Abadi e o rei saudita Salman em Riad.

Após o encontro, ele pediu para o Iraque pausar o trabalho de unidades paramilitares apoiadas por Teerã, que operaram ao lado de tropas do governo em batalhas contra o Estado Islâmico e, desde a semana passada, em um avanço relâmpago que tomou a cidade petroleira de Kirkuk de forças da segurança curdas.

No encontro com Abadi em Bagdá, Tillerson instou o governo iraquiano e o governo regional do Curdistão de Masoud Barzani em Erbil a resolver o conflito sobre a autodeterminação curda e os territórios em disputa através do diálogo.

"Estamos preocupados e um pouco tristes", disse Tillerson. "Temos amigos em Bagdá e amigos em Erbil, e encorajamos todas as partes a entrar em discussão ... e todas as diferenças podem ser abordadas."

Forças iraquianas estão enviando tanques e artilharia a sul de um oleoduto operado por curdos que cruza para a Turquia, disse uma autoridade da segurança curda, na mais recente em uma série de operações apoiadas pelo Irã contra os curdos.

"Milícias iranianas que estão no Iraque, agora que a luta contra o Estado Islâmico está chegando a um fim, estas milícias precisam ir para casa", disse Tillerson no domingo na Arábia Saudita.

O gabinete de Abadi respondeu duramente. "Nenhuma parte possui o direito de interferir em questões iraquianas", segundo nota do gabinete. O comunicado não citou o primeiro-ministro em si, mas uma "fonte" próxima a ele e se referia aos paramilitares de maioria xiita, conhecidos como "Mobilização Popular", como "patriotas".

MESMO LADO

A luta internacional contra combatentes do Estado Islâmico no norte do Iraque desde 2014 colocou os Estados Unidos e Irã efetivamente lutando do mesmo lado, com ambos apoiando o governo iraquiano contra os militantes.

Washington possui 5 mil soldados no Iraque e forneceu apoio aéreo, treinamentos e armas para forças do governo do Iraque. O Irã armou, treinou e aconselhou unidades paramilitares xiitas que frequentemente lutaram ao lado do Exército.

A mais recente reviravolta no conflito iraquiano, colocando o governo central contra os curdos, é mais complicada para formuladores de políticas dos EUA. Washington ainda apoia o governo central, mas também tem sido aliada aos curdos há décadas.

O Irã é a maior potência xiita no Oriente Médio. Xiitas, incluindo Abadi, são maioria no Iraque, que também possui grandes comunidades árabes sunitas e curdas.

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