Premiê diz que violência contribui para "destruição do Egito"
3 fev2011 - 11h42
(atualizado às 13h25)
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O primeiro-ministro egípcio, Ahmed Shafiq, pediu paz aos manifestantes e disse que a violência apenas contribui para a "destruição do Egito". Na declaração, transmitida pela TV estatal nesta quinta, o chefe do novo governo também se disse surpreso pela presença de cavalos e camelos na manifestação de ontem. "Eles devem ter vindo das pirâmides", disse.
Mais cedo, Shafiq havia pedido desculpas aos cidadãos pelos incidentes da véspera na praça de Tahrir e garantiu que foram consequência de um "claro erro" na segurança, que está sendo investigando. Além disso, se declarou disposto a dialogar com os manifestantes que há dez dias lideram uma rebelião popular contra o presidente Hosni Mubarak.
"Apresento todas as minhas desculpas pelo que aconteceu ontem e será feita uma investigação", declarou, em coletiva de imprensa transmitida pela TV. Shafiq, nomeado premiê em uma reestruturação do presidente Mubarak, assegurou que novos atos de violências não voltarão a ocorrer. "O objetivo de quem fez ataques na praça Tahrir era semear o caos", acrescentou.
Protestos convulsionam o Egito
Desde o último dia 25 de janeiro - data que ganhou um caráter histórico, principalmente na internet, principalmente pelo uso da hashtag #Jan25 no Twitter -, os egípcios protestam pela saída do presidente Hosni Mubarak, que está há 30 anos no poder. No dia 28 as manifestações ganharam uma nova dimensão, fazendo o governo cortar o acesso à rede e declarar toque de recolher. As medidas foram ignoradas pela população, mas Mubarak disse que não sairia. Limitou-se a dizer que buscaria "reformas democráticas" para responder aos anseios da população a partir da formação de um novo governo.
A partir do dia 29, um sábado, a nova administração foi anunciada. A medida, mais uma vez, não surtiu efeito, e os protestos continuaram. O presidente egípcio se reuniu com militares e anunciou o retorno da polícia antimotins. Enquanto isso, a oposição seguiu se organizando. O líder opositor Mohamad ElBaradei garantiu que "a mudança chegará" para o Egito. Já os Irmãos Muçulmanos disseram que não iriam dialogar com o novo governo. Na terça, dia 1º de fevereiro, dezenas de milharesde pessoas se reuniram na praça Tahrir para exigir a renúncia de Mubarak.
A grandeza dos protestos levou o líder egípcio a anunciar que não participaria das próximas eleições, para delírio da massa reunida no centro do Cairo. O dia seguinte, 2 de fevereiro, no entanto, foi novamente de caos na capital. Manifestantes pró e contra o governo Mubarak travaram uma batalha campal na praça Tahrir com pedras, paus, facas e barras de ferro. O número de mortos é incerto, entre seis e dez, e mais de 800 pessoas ficaram feridas. No dia seguinte, o governo disse ter iniciado um diálogo com os partidos. Mas a oposição nega. Na praça Tahrir e arredores, segue a tensão.
Desenho de 1882 mostra oficiais britânicos em missão no Egito durante o conflito pelo controle do Canal do Suez. Nessa época, forças nacionalistas do Egito tentavam assumir o controle do país. Os europeus - especialmente Reino Unidos e França - temeram pelas consequências, e iniciaram uma série de intervenções
Foto: Hulton Archive / Getty Images
Em 1936, estudante preso por policial durante levante estudantil no Cairo é entrevistado por jornalista. Em 1922, o Egito atingiu sua independência, passando a funcionar como uma monarquia
Foto: Fox Photos / Getty Images
Soldado britânico baixa a bandeira do Reino Unido a meio mastro, indicando a morte do Rei Fuad, em 1936. O sultão Fuad foi o primeiro rei da era moderna egípcia, e foi sucedido por seu filho Farouk, o segundo e último
Foto: Oscar Marcus/Fox Photos / Getty Images
Em abril de 1936, estudantes egípcios proclamam lealdade ao Rei Fuad, ao lado de sua tumba
Foto: Oscar Marcus/Fox Photos / Getty Images
Em abril de 1936, estudantes egípcios proclamam lealdade ao Rei Fuad, ao lado de sua tumba, no lado de fota do Palácio Abdine
Foto: Oscar Marcus/Fox Photos / Getty Images
Foto de 1938 mostra o Rei Farouk em momento de meditação. Sucessor do pai, ele reinou no Egito de 1936 a 1952
Foto: Keystone / Getty Images
Foto oficial do Rei Farouk; sei reinado terminou na revolução de 1952, quando seu filho, Fuad II, reinou como regente na transição política
Foto: Hulton Archive / Getty Images
Em fevereiro de 1936, soldados descansam ao lado da Universidade Egípcia, no Cairo, à espera de novos levantes populares
Foto: Keystone / Getty Images
Aluna gesticula em direção à multidão durante protestos após a assinatura do tratato anglo-egípcio, que encerrou a ocupação militar britânica no Egito, mas manteve o Canal do Suez sobre controle dos estrangeiros
Foto: General Photographic Agency/Hulton Archive / Getty Images
Soldados revistam trabalhadores egípcios na região do Canal do Suez, em 1951, cujo controle era desde o início do século cobiçado por diversas potências
Foto: Raymond Kleboe/Picture Post / Getty Images
Foto mostra porta-retrato quebrado com a foto do Rei Farouk, o último rei do Egito. Ele foi forçado a exilar-se após o golpe de Estado de 1952, que inaugurou a era republicana egípcia
Foto: Hulton Archive / Getty Images
Em 1953, multidão de apoiadores do general e presidente egípcio Muhammad Naguib se agrupam na cidade de Helwan para saudá-lo; Naguib foi o primeiro presidente do país, posto que ocupou até 1954
Foto: Three Lions / Getty Images
Em 1953, o líder egípcio Muhammad Naguib (centro, à direita) e Gamal Abdul Nasser (centro, à esquerda), participam de conferência, um ano após o golpe de Estado; Nasser, ao lado de Naguib, era um dos principais líderes do período
Foto: Ronald Startup/Picture Post / Getty Images
Multidões saúdam passagem do presidente Muhammad Naguib, no Cairo. Naguib e outros oficiais haviam acabado de tomar o poder do Rei Farouk em um golpe de Estado
Foto: Bert Hardy / Getty Images
Jornais britânicos de 31 de outubro de 1956 estampam manchetes sobre a Crise no Canal do Suez, iniciada no dia 29
Foto: G Godden / Getty Images
Em 1956, crianças egípcias são treinadas para o serviço de atiradores; a Crise do Suez colocou o Egito, então uma jovem república, contra Reino Unido, França e Israel
Foto: Bert Hardy / Getty Images
Em 1956, em meio à luta pelo controle do Canal do Suez, egípcias judias se despedem com no aeroporto do Cairo
Foto: Scheler / Getty Images
Refugiado judeu egípcio para atrás de propaganda de companhia da Escandinávia, em 1956, no Egito
Foto: Scheler / Getty Images
Egípcia chora enquanto corre na tentativa de alcançar o carro que leva o corpo de seu marido, nas ruas da cidade de Port Said, ocupada pelas tropas anglo-francesas
Foto: Terry Fincher / Getty Images
Jovem soldado observa colegas, posicionado na varanda de uma residência atingida por bala. A batalha pelo Suez acabou com a eventual retirada das tropas estrangeiras
Foto: Joseph McKeown/Picture Post / Getty Images
Em 1967, conflitos de interesses entre Israel e diversos países árabes eclodiram na Guerra dos Seis Dias; a foto mostra soldados egípcios feridos, capturados pelas forças israelenses durante o confronto
Foto: Terry Fincher / Getty Images
Infantaria israelense avança à frente de batalha do Suez; ao lado, um caminhão leva prisioneiros egípcios de guerra na direção oposta
Foto: Terry Fincher / Getty Images
Foto mostra soldados egípcios mortos no caminho das forças israelenses durante a Guerra dos Seis Dias; estima-se que cerca de 20 mil pessoas tenham morrido no conflito
Foto: Terry Fincher/Express / Getty Images
Tropas israelenses avançam em direção ao Deserto do Sinai para atacar o exército egípcio; o território acabou conquistado pelos israelenses
Foto: Keystone / Getty Images
Foto mostra (da esq. à dir.) os líderes israelense, Yitzhak Rabin; egípcio, Hosni Mubarak; jordaniano, Rei Hussein; e americano, Bill Clinton, observados por Yasser Arafat, instantes antes da assinatura de um acordo sobre a divisão do controle da Cisjordânia