Polônia tenta amenizar polêmica entrevista de premiê contra UE
Morawiecki falou em '3ª guerra mundial' de Comissão UE
Após uma polêmica entrevista do premiê Mateusz Morawiecki ao jornal britânico "Financial Times", o governo da Polônia se apressou em tentar "amenizar" os termos usados pelo político contra a União Europeia nesta segunda-feira (25).
O porta-voz do primeiro-ministro, Piotr Muller, afirmou que a referência ao termo "terceira guerra mundial" que a Comissão Europeia poderia começar por conta do estado de direito no bloco trata-se "de uma hipérbole, uma figura retórica que é utilizada em várias situações e não é levada a sério literalmente".
"Não tiraria as mesmas conclusões que a oposição está buscando tirar hoje. É impróprio usar essas palavras fazendo acreditar que estamos em risco de guerra", acrescentou.
O episódio, o enésimo da crise entre a União Europeia e a Polônia, voltou a causar tensão. Na entrevista aos britânicos, Morawiecki disse que se o órgão Executivo quiser "iniciar a terceira guerra mundial", nós vamos "usar todas as armas que temos à nossa disposição".
"Se alguém nos atacar de maneira absolutamente injusta, nos defenderemos de todas as formas possíveis. Acreditamos que essa é uma abordagem discriminatória. Mas, se piorar, precisamos pensar a nossa estratégia", disse ao jornal.
Para o ex-presidente do Parlamento Europeu e um dos principais líderes da oposição da Polônia, Donald Tusk, o governo ultraconservador de Morawiecki quer forçar a saída do bloco, o chamado "Polexit". No entanto, mais de 80% dos poloneses defendem a permanência do país na União Europeia.
A crise principal foi provocada por conta da polêmica reforma do judiciário feito pelo partido governista Direito e Justiça (PiS). Entre as principais medidas, está a instituição da câmara disciplinar, um órgão que pune e afasta juízes que não tomarem decisões que concordem com os "princípios e valores" defendidos pelo governo ultranacionalista.
Apesar de um dos líderes do PiS dizer que desativaria o comitê, a Corte Constitucional da Polônia afirmou que a legislação seria mantida porque a Constituição polonesa está acima dos tratados europeus.
Na última semana, durante o Conselho Europeu, o caso dividiu os líderes dos demais países-membros do bloco: enquanto uns defenderam ativar o mecanismo que suspende os direitos da nação, o chamado "artigo 7", outros pediram para que a via do diálogo "seja esgotada" antes de medidas mais drásticas.
Durante uma das falas, Morawiecki chegou a dizer que desativaria a câmara disciplinar mas não porque considera que ela viole o estado de direito europeu ou por pressão. Segundo o premiê, a câmara no funcionou "como o previsto".
Contudo, ao mesmo tempo, afirmou que a Comissão Europeia estava fazendo "chantagem" com os poloneses, já que não aprova o programa econômico para a retomada pós-pandemia de Covid-19 e não libera os montantes milionários para a nação. .