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Perfil/Cesare Battisti, 4 homicídios e uma vida de fuga

Italiano foi capturado em Santa Cruz de la Sierra, Bolívia

13 jan 2019 - 12h05
(atualizado às 13h23)
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Após sua captura, agora é questão de horas a extradição de Cesare Battisti à Itália, que chega um mês depois do decreto assinado pelo então presidente Michel Temer.

Cesare Battisti passou por pelo menos quatro países em sua fuga: México, França, Brasil e Bolívia
Cesare Battisti passou por pelo menos quatro países em sua fuga: México, França, Brasil e Bolívia
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

O ex-membro dos Proletários Armados pelo Comunismo (PAC) foi condenado por quatro homicídios, dois cometidos materialmente e dois por envolvimento: do marechal dos agentes de custódia Antonio Santoro, assassinado em Údine em 6 de junho de 1978; do joalheiro Pierluigi Torregiani e do comerciante Lino Sabbadin, que militava no neofascista Movimento Social Italiano (MSI), ambos mortos por grupos dos PAC em 16 de fevereiro de 1979, sendo o primeiro em Milão e o segundo em Mestre; e o do agente de polícia Andrea Campagna, assassinado em Milão em 19 de abril de 1978.

Battisti sempre se declarou inocente. Nascido em Cisterna di Latina, em 18 de dezembro de 1954, ele tem uma vida marcada por fugas e reviravoltas, além de pedidos de extradição por parte de Roma. No começo da década de 1970, abandonou a escola e começou sua carreira criminosa. Em 1972, a primeira prisão, por um roubo com sequestro de pessoa em Sabaudia.

Em 1976, se transfere para Milão e participa de várias ações criminosas. É preso de novo, também por roubo, e levado para a prisão de Údine, onde conhece Arrigo Cavallina, ideólogo dos PAC. Naqueles anos, participa de ações do grupo que lhe custarão a liberdade mais uma vez. No âmbito do processo pela morte de Torregiani, é condenado em 1979 a 13 anos e cinco meses de prisão.

Detido no cárcere de Frosinone, em 1981 consegue fugir graças a um assalto dos terroristas. A Justiça segue em frente e, em 1985, o condena em contumácia à prisão perpétua por vários crimes ligados à luta armada e por quatro homicídios, sentença confirmada pela Suprema Corte em 1991. A fuga o leva primeiro para o México, onde ficou por cerca de 10 anos, e depois à França, em 1990.

No ano seguinte a Itália faz o primeiro pedido de extradição, recusado pela França, onde Battisti inicia uma carreira de escritor. São anos em que a França, com a "doutrina Mitterand", se apresenta muito suave com terroristas foragidos. O segundo pedido de extradição chega em 2004. Battisti é preso em 10 de fevereiro, em Paris, mas intelectuais de esquerda lançam uma campanha em seu favor e, em 3 de março, ele é libertado.

No dia 30 do mesmo mês, uma corte de apelação autoriza a expulsão. Porém, em 14 de agosto, Battisti se apresenta a uma delegacia como medida cautelar e depois desaparece. O primeiro-ministro francês assina o decreto de extradição, mas Battisti já estava no Brasil, onde se casaria e teria um filho.

Em 18 de março de 2007, é preso no Rio de Janeiro, motivando o terceiro pedido de extradição da Itália. O Brasil reconhece seu status de refugiado político, embora o Supremo Tribunal Federal (STF), em novembro de 2009, se pronuncie a favor da extradição, mas deixando a decisão final para o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Cinco anos mais tarde, uma sentença decreta sua expulsão do Brasil em um caso de falsidade ideológica, mas a defesa consegue impedir que ele deixe o país. Após a queda de Dilma Rousseff, a Itália apresenta um novo pedido de extradição, e em 4 de outubro de 2017 o italiano é preso tentando entrar na Bolívia.

Uma liminar do ministro do STF Luiz Fux impede sua extradição, mas, em dezembro de 2018, o mesmo Fux reverte a decisão e autoriza a entrega de Battisti, confirmada por um decreto de Temer. O italiano seria capturado um mês depois, em Santa Cruz de la Sierra.

Ansa - Brasil   
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