Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) anuncia dissolução após mais de 40 anos de luta armada
O Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) anunciou nesta segunda-feira (12) sua dissolução e o fim de mais de quatro décadas de luta armada contra o Estado turco, segundo a agência de notícias pró-curda ANF. "O 12º Congresso do PKK decidiu dissolver a estrutura organizacional do partido e encerrar a luta armada", declarou o grupo curdo em comunicado. O congresso foi realizado na semana passada
O Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) anunciou nesta segunda-feira (12) sua dissolução e o fim de mais de quatro décadas de luta armada contra o Estado turco, segundo a agência de notícias pró-curda ANF. "O 12º Congresso do PKK decidiu dissolver a estrutura organizacional do partido e encerrar a luta armada", declarou o grupo curdo em comunicado. O congresso foi realizado na semana passada
"Essa decisão deve ser colocada em prática e aplicada em todas as suas dimensões", disse Ömer Çelik, porta-voz do partido. "O fechamento de todas as filiais e extensões do PKK, bem como de suas estruturas ilegais, representa um marco", declarou.
Em 27 de fevereiro, o líder histórico do PKK, Abdullah Öcalan, pediu ao movimento que depusesse as armas e encerrasse a guerrilha que causou mais de 40 mil mortes desde 1984.
O apelo de Öcalan, que está preso há 26 anos na ilha-prisão de Imrali, no litoral de Istambul, ocorreu após uma mediação iniciada no outono europeu pelo principal aliado do presidente Recep Tayyip Erdogan, o nacionalista Devlet Bahçeli, através do partido pró-curdo DEM.
O PKK aceitou a proposta em 1º de março, anunciando um cessar-fogo imediato com as forças turcas.
Na época, o presidente Erdogan afirmou que o apelo de Öcalan representava uma "oportunidade histórica" para turcos e curdos, que, segundo algumas estimativas, representam cerca de 20% dos 85 milhões de habitantes da Turquia.
Mas, em meados de março, o PKK declarou que não conseguia se reunir para concluir as negociações devido aos bombardeios turcos contra suas posições. "Todos os dias, aviões de reconhecimento (turcos) sobrevoam, todos os dias bombardeiam, todos os dias atacam", afirmou Cemil Bayik, um dos líderes do movimento, ao canal de televisão curdo Sterk TV.
Em uma mensagem publicada nas redes sociais, Ömer Çelik, porta-voz do AKP, o partido islamo-conservador no poder liderado por Erdogan, considerou que a decisão do PKK representa um passo importante para uma "Turquia sem terrorismo". Ele acrescentou que o processo de dissolução será monitorado "com atenção" pelo governo.
Destino incerto
O destino de Öcalan permanece incerto, mas segundo um funcionário do partido governista AKP, seu regime de detenção será "flexibilizado", sem mencionar uma possível libertação, segundo o jornal pró-governo Türkiye.
De acordo com ele, serão adotadas algumas medidas administrativas e um oficial será designado para auxiliá-lo na penitenciária de segurança máxima situada em Imrali, uma ilha localizada no sul do Mar de Mármara.
"As condições de detenção serão flexibilizadas. As visitas da família e de membros do DEM também serão mais frequentes", disse o funcionário, acrescentando que "o próprio Öcalan afirmou que não deseja deixar Imrali".
Risco de morte
O fundador e líder do PKK, muito respeitado por seus seguidores, teme por sua vida caso deixe a prisão. "Ele sabe que enfrentará problemas de segurança se for libertado", disse a fonte.
Em março, o Iraque exigiu a retirada total de seu território das tropas turcas e dos combatentes do PKK, caso um acordo de paz fosse alcançado.
Já os combatentes curdos das Forças Democráticas Sírias (FDS), no nordeste da Síria, declararam que não se sentem "comprometidos" no apelo do PKK para o desarmamento.
(Com AFP)