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Papa recebe pedidos para enfrentar resistência a denúncias de abusos antes de visita à Irlanda

24 ago 2018 - 15h34
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O papa Francisco foi exortado, às vésperas de uma visita tensa à Irlanda, a enfrentar a resistência existente dentro da Igreja Católica a lidar com os abusos sexuais do clero, inclusive de um membro de um grupo que o aconselha sobre a crise.

Painel com foto do papa em Dublin
 24/8/2018    REUTERS/Gonzalo Fuentes
Painel com foto do papa em Dublin 24/8/2018 REUTERS/Gonzalo Fuentes
Foto: Reuters

"Existe a necessidade de mudar a cultura na Igreja. Se ela não for mudada, isso continuará", disse Gabriel Dy-Liacco, que preside a Pontifícia Comissão para a Proteção de Menores, em uma coletiva de imprensa em Dublin nesta sexta-feira.

Seus comentários foram ecoados por Marie Collins, irlandesa sobrevivente de abusos que renunciou no ano passado à comissão criada por Francisco em 2014 em protesto.

Ela pediu ao papa que adote ações mais firmes contra os perpetradores e aqueles que os protegem, até mesmo afastando clérigos de alto escalão, se necessário.

Francisco inicia no sábado a primeira visita papal em quase 40 anos à Irlanda, país assolado por abusos do clero, no momento em que escândalos em vários países maculam a Igreja em sua pior crise de credibilidade em mais de 15 anos.

Um relatório devastador publicado na semana passada a respeito de abusos no Estado norte-americano da Pensilvânia e escândalos na Austrália e no Chile formaram o que uma autoridade do Vaticano chamou de "uma tempestade perfeita" que não se via desde que a primeira crise de abusos irrompeu em Boston em 2002.

Dy-Liacco disse que bispos que vinham prejudicando o avanço da questão estão começando a aceitar a necessidade de ação, mas que o processo está sendo dolorosamente lento.

Psicoterapeuta das Filipinas, ele se pronunciou depois do debate de uma comissão que tratou da salvaguarda de crianças no Encontro Mundial das Famílias do Vaticano em Dublin.

Observadores do Vaticano dizem que a resistência vem de alguns bispos, particularmente os mais velhos, que sentem que seriam julgados pelos padrões atuais por práticas que eram comuns décadas atrás - entre elas transferir padres abusadores ou afastá-los da Igreja discretamente para evitar um escândalo público.

Em 2016 Francisco publicou um édito encarregando quatro departamentos do Vaticano de supervisionarem bispos para examinar indícios e fazer recomendações a ele, que poderia então exigir suas renúncias.

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