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Oriente Médio

Violência antiamericana no Oriente Médio invade campanha eleitoral

12 set 2012 - 17h37
(atualizado às 17h45)
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A onda de violência antiamericana no mundo muçulmano, que custou a vida do embaixador dos Estados Unidos na Líbia, traz um elemento potencialmente perigoso tanto para o presidente Barack Obama quanto para seu adversário republicano, Mitt Romney, às vésperas das eleições.

O presidente condenou rapidamente os eventos violentos ocorridos na terça-feira, que resultaram na morte do embaixador Christopher Stevens e prometeu que os autores deste ataque "escandaloso" não ficarão impunes.

Antes, a secretária de Estado, Hillary Clinton, havia dito que compreendia os questionamentos a respeito de como uma tragédia assim poderia ocorrer em um país que os americanos ajudaram a libertar.

Após ter hesitado em intervir nas revoltas da "Primavera Árabe", no começo de 2011, os Estados Unidos decidiram apoiar a saída de homens no poder há mais de 30 anos, especialmente em Egito e Líbia.

Mas um ano depois da queda de Muamar Kadhafi e, apesar do estabelecimento de novas instituições, a Líbia está longe da estabilidade. E no Egito, país que ainda sofre surtos de violência - inclusive o ataque à embaixada americana de terça-feira -, os islamitas da Irmandade Muçulmana agora estão no poder.

"Para o presidente Obama, o risco é evidente: (o ataque) pode comprometer o argumento de seu bom histórico na política externa" nestes dois países emblemáticos, destaca Julian Zelizer, professor de História da Universidade de Princeton.

A menos de dois meses das eleições presidenciais, o candidato republicano tenta explorar as vulnerabilidades de Obama e o acusa regularmente de ter "abandonado" Israel diante da ameaça nuclear iraniana.

Na quarta-feira, Romney voltou à carga, considerando que a administração Obama tinha dado "sinais ambíguos" após o ataque à embaixada no Cairo. Já na terça-feira, o republicano chamou de "vergonhosa" a reação oficial após os ataques contra as missões diplomáticas americanas em Egito e Líbia, antes de ser revelada a notícia sobre a morte do embaixador.

A equipe de campanha de Obama rapidamente respondeu por meio de seu porta-voz, Ben LaBolt, que acusou Romney de lançar "ataques políticos" no dia de uma tragédia.

"Pode ser que o dever de um candidato de oposição seja criticar ou questionar (a atual administração), mas não às custas dos interesses estratégicos dos Estados Unidos", afirmou Anthony Cordesman, especialista em geopolítica do grupo CSIS, em Washington.

Para Zeliser, "Romney deve ser extremamente prudente e não fazer coisas que possam dar a ideia de alguém que não sabe o que acontece". Nestas circunstâncias, "os eleitores podem avaliar como os dirigentes reagem em períodos de crise", advertiu.

Embora já se atribua uma vantagem de cinco ou seis pontos percentuais nas intenções de voto de Obama sobre Romney, o presidente também possui clara vantagem no que diz respeito a temas como política externa e segurança nacional.

O chefe de Estado tem a seu favor a promessa cumprida de retirar os soldados do Iraque e a captura de Osama Bin Laden. Mas o sucesso de sua política externa não garante sua reeleição, como ocorreu com George Bush (1989-1993), que perdeu a presidência apesar da vitória na Guerra do Golfo.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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