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Oriente Médio

Síria confirma presença em conferência de paz Genebra II

29 out 2013 - 14h53
(atualizado às 17h59)
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O governo sírio confirmou nesta terça-feira que participará da conferência de paz de Genebra II para evitar ingerências estrangeiras, ao mesmo tempo em que destituiu o vice-primeiro-ministro, Qadri Yamil por causa de seus contatos fora do país.

Durante uma reunião em Damasco com o mediador internacional para a Síria, Lakhdar Brahimi, o chefe da diplomacia síria, Walid Muallem, afirmou que sua participação mostra que "o diálogo em Genebra será entre sírios e sob a liderança síria".

Moualem destacou que seu governo baseia a decisão no "direito exclusivo do povo sírio desenhar seu futuro político e eleger seus líderes", segundo a agência oficial Sana. O chanceler insistiu em recusar qualquer tipo de intervenção estrangeira durante seu encontro com Brahimi, centrada em preparar a conferência de paz.

Damasco já tinha mostrado sua disposição em participar, enquanto o principal grupo de oposição, a Coalizão Nacional Síria (CNFROS), se mantém reticente. A CNFROS tomará uma decisão definitiva até o fim de semana, mas alguns grupos armados de tendência islamita consideraram que comparecer a Genebra II equivale a uma traição.

Brahimi, que chegou ontem a Damasco, explicou aos jornalistas que Genebra 2 determinará "as características do período interino e da fase posterior". Por isso se reuniu também com alguns líderes de oposição, como o chefe do Conselho de Coordenação Nacional Sírio, Hassan Abdel Azim, que defende uma transição pacífica e respalda a participação da oposição em Genebra II.

O enviado especial para a Síria da ONU e a Liga Árabe fizeram nos últimos dias uma viagem pela região, que passou por Egito, Jordânia, Iraque, Irã e Turquia, entre outros países, para obter apoios à conferência.

Este segundo encontro de Genebra foi proposto por Washington e Moscou em maio para dar uma saída política à guerra civil e aplicar a transição estipulada na cidade suíça em junho de 2012.

Em recente entrevista o presidente sírio, Bashar al-Assad, disse que não existem os "fatores necessários" para que Genebra II tenha êxito e pediu que sejam tratados temas como "o fim do financiamento aos terroristas".

A visita de Brahimi a Damasco termina amanhã, quarta-feira, e ainda não está claro se haverá uma reunirá com Assad, como se fez em algumas ocasiões anteriores.

Sobre a posição do presidente sírio, Brahimi teve que negar e qualificar de "inexatas" declarações suas publicadas ontem na revista "Jeune Afrique", em que afirmava que Assad poderia contribuir para uma transição rumo a uma nova Síria, mas não como líder do país.

As gestões diplomáticas de hoje coincidiram com a decisão presidencial de destituir o vice-primeiro-ministro, Qadri Yamil, uma figura da chamada "oposição interna".

As atividades e reuniões efetuadas por Yamil fora da Síria "sem coordenação com o governo" foram um dos motivos alegados para a decisão. Ele manteve encontros em Moscou durante semanas e, inclusive, com representantes americanos.

Segundo o decreto que o tirou do cargo fulminante, o vice-primeiro-ministro ultrapassou "o trabalho institucional e a estrutura geral do Estado", se ausentou de seu posto de trabalho e não exerceu suas obrigações.

Yamil, presidente da Frente Popular para a Mudança e a Libertação, entrou no Executivo em junho de 2012 como vice-primeiro-ministro para Assuntos Econômicos e como titular de Comércio, e deixou este último cargo após uma reforma ministerial em agosto.

Seu partido é considerado parte da "oposição interna", integrada por formações toleradas pelo regime que defendem uma reforma de suas estruturas.

Hoje o presidente sírio emitiu um indulto geral para os crimes cometidos antes do dia de hoje referentes ao descumprimento da lei do serviço militar. Serão anistiados, se regularizarem sua situação em 30 dias, os soldados que não se apresentaram na unidade militar ou reservistas que não responderam à convocação.

Apesar aos esforços mediadores, a violência segue na Síria, onde desde março de 2011 morreram mais de cem mil pessoas, segundo a ONU.

Guerra na Síria para iniciantes
AFP AFP
AFP AFP
EFE   
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