Rússia pede cúpula urgente sobre Síria para apoiar plano de Annan
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, fez neste sábado um apelo à comunidade internacional para convocar uma cúpula de emergência sobre a crise na Síria que apoie o plano de paz do enviado especial da ONU e da Liga Árabe para o país árabe, Kofi Annan. "O objetivo é cooperar para conseguir o cumprimento do plano de Annan e as resoluções do Conselho de Segurança da ONU. Não vemos alternativa ao plano de Annan no caminho para a solução pacífica do conflito", disse o chanceler da Rússia, principal aliada do regime sírio, em entrevista coletiva.
Dessa cúpula, que seria realizada sob a égide da ONU, participariam os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da organização - Rússia, China, EUA, França e Reino Unido -, os vizinhos da Síria - Irã, Iraque, Turquia e Jordânia -, a Liga Árabe e a União Europeia (UE). "Quanto mais rápido, melhor. Propomos começar com urgência o trabalho para preparar uma conferência internacional sobre a Síria. Devemos reunir todos aqueles que influem na situação na Síria", declarou Lavrov.
Ele classificou a conferência sobre a Síria como "prova de fogo da honestidade" da comunidade internacional com relação ao interesse em que o conflito no país árabe seja solucionado exclusivamente por meios pacíficos. O chanceler russo admitiu que o cumprimento dos seis pontos contemplados no plano de Annan se estagnou nas últimas semanas e reconheceu que a Síria se encontra à beira de uma guerra civil em grande escala.
O chefe da diplomacia russa culpou grupos armados pelo agravamento da situação na Síria - em sua opinião, tais grupos são encorajados por potências estrangeiras - e denunciou a crescente atividade dos terroristas. "Atores externos levam a oposição armada a adotar atitudes radicais, a prosseguir as ações militares, o que dá esperança a esses opositores sobre a repetição do cenário líbio", exclamou Lavrov, referindo-se à recente revolução líbia, na prática apoiada pela Aeronáutica de potências ocidentais.
O ministro russo reconheceu que o regime sírio de Bashar al-Assad "cometeu muitos erros desde a eclosão do conflito" há mais de um ano, mas ressaltou que a responsabilidade da violência deve ser compartilhada pelos rebeldes. Ao mesmo tempo, disse que Moscou mantém invariável sua postura contrário à hipótese de uma intervenção militar estrangeira na Síria e quanto à imposição de novas sanções internacionais contra Damasco.
"O Conselho de Segurança (da ONU) não aprovará a ingerência militar. Não porque apoiemos o regime Assad, mas porque sabemos o quão complexa é a distribuição confessional do Estado sírio", preconizou o ministro. Ao apresentar sua proposta nesta semana em Pequim, Lavrov disse que, ao contrário das reuniões do chamado Grupo de Amigos da Síria, o objetivo desta conferência seria que "todos os atores externos, em uma primeira fase sem os sírios, concordassem de maneira honesta e sem dois pesos e duas medidas a cumprir o plano de Annan".