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Oriente Médio

Obama e Xi Jinping defendem 'novo modelo' na relação EUA-China

8 jun 2013 - 08h37
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O presidente americano, Barack Obama, e seu colega chinês, Xi Jinping, prometeram na sexta-feira estabelecer as bases de um "novo modelo" para "forjar o futuro" das relações entre Estados Unidos e China, no início de uma cúpula informal bilateral na Califórnia.

Obama, que garantiu que as boas relações entre ambos os países são importantes "para o mundo", disse esperar um "novo modelo de cooperação com Pequim", uma proposta que Jinping retomou em sua declaração como "um novo modelo de relação entre os países grandes".

"O presidente Xi Jinping acaba de tomar posse, em março, e nossa decisão de nos vermos tão rápido mostra a importância das relações entre Estados Unidos e China", disse Obama aos jornalistas na propriedade de "Sunnylands", em Rancho Mirage, 160 km de Los Angeles.

"Nos reunimos hoje aqui para traçar o futuro das relações entre China e Estados Unidos e traçar um rascunho desta relação", afirmou Xi, que convidou Obama a visitar seu país para celebrar uma segunda reunião informal, similar a da Califórnia, mas sem divulgar uma data concreta.

Durante uma entrevista coletiva, Obama pediu a criação de "regras comuns" sobre segurança cibernética que sejam respeitadas pelos dois países, que trocam acusações de ciberespionagem e roubo de informação, além de ter destacado a importância de um "entendimento permanente" sobre o tema entre China e Estados Unidos.

"O presidente Xi e eu admitimos que, devido ao incrível avanço da tecnologia, o tema da segurança cibernética e a necessidade de regras e aproximações comuns sobre segurança se transformam cada vez mais em temas importantes", disse Obama.

"É importante que, como duas das grandes economias e potências militares do mundo, China e Estados Unidos cheguem a um firme entendimento", completou.

Ao mesmo tempo, Obama admitiu que o tema da segurança na internet não foi abordado de maneira profunda no primeiro dia do encontro.

O presidente chinês, que admitiu que este tema é um problema na relação bilateral, disse desejar esclarecer com os Estados Unidos "dúvidas" para poder concretizar normas sobre cibersegurança, mas votou a reiterar que seu país "é vítima de ciberataques".

"Precisamos pensar de forma criativa e atuar com energia para que, trabalhando juntos, possamos construir um novo modelo de maior relação bilateral", afirmou Xi.

Espera-se que, nas conversas dessa cúpula informal, sejam abordadas a troca de acusações sobre ciberespionagem e as constantes diferenças comerciais entre as duas maiores economias - sócios forçados e adversários, ao mesmo tempo.

Obama parece ter um propósito maior: tentar entender a visão estratégica do homem que guiará a China além de seu próprio mandato. Assim, há mais expectativa com o impacto de longo prazo do que, exatamente, com os efeitos imediatos desse encontro.

No início de 2012, Barack Obama já havia se reunido com Xi Jinping, quando este era vice-presidente.

Esta é a primeira visita de Jinping aos EUA como presidente, três meses depois de assumir o controle do Estado chinês. Para especialistas, esta será a mais significativa reunião entre os dois países em anos.

Obama fará ainda uma nova tentativa para avançar em uma relação geopolítica que pode definir parte de seu legado e que vinha causando frustração na Casa Branca nas conversas com o então presidente Hu Jintao.

O porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, disse que Obama queria "um ambiente informal" e que esperava "ver se havia mais oportunidades para ambos de ampliar os assuntos nos quais EUA e China cooperam".

"Desde o início dos mandatos de ambos os presidentes, sentimos que ter esse tipo de encontro para conversas abertas e informais entre os dois líderes lhes permitiria cobrir a agenda mais ampla possível", disse um funcionário americano que pediu para não ser identificado.

"A relação sino-americana é tão importante quanto qualquer relação bilateral para traçar a trajetória da economia global e da segurança global no século XXI", acrescentou a mesma fonte.

A Casa Branca não espera grandes avanços, em parte devido à rapidez com que se organizou a agenda e, em parte, devido à natureza sensível dos temas.

No tema de cibersegurança, os dois países anunciaram antes da cúpula que terão diálogos no mais alto nível entre grupos de trabalho a partir de julho.

No capítulo Coreia do Norte, os funcionários americanos se mostram mais otimistas com os sinais de impaciência da China em relação a Pyongyang.

Jinping, por sua vez, espera explicações de Obama sobre seu posicionamento militar e diplomático na região da Ásia-Pacífico, o que irritou Pequim e que, para alguns observadores, busca conter a ascensão da China.

Outro ponto delicado é a pressão que Obama enfrenta de líderes empresariais americanos que consideram as políticas econômicas da China predadoras e criticam o roubo de propriedade intelectual.

O presidente do Conselho Empresarial China-Estados Unidos, John Frisbie, disse que o diálogo já é 50% bem-sucedido por acontecer tão rápido. "Dependendo de como as coisas fiquem neste fim de semana, o próximo passo (...) pode ser uma cúpula presidencial anual", comentou.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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