O governo italiano declarou nesta quinta-feira (19) que está pronto para assumir um papel de liderança nas possíveis ações que a comunidade internacional pretende tomar para conter o avanço do grupo extremista Estado Islâmico (EI, ex-Isis) na Líbia.
Nos últimos dias, Roma tem feito apelos aos organismos internacionais para que adotem medidas conjuntas contra o EI, que está dominando zonas da Líbia, como a cidade de Derna. O tema já está sob análise do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
"A reunião do CS sobre a Líbia, além do conteúdo das declarações, é um claro sucesso italiano. Finalmente, o mundo está abrindo os olhos. Agora, precisamos dar um passo adiante", disse o primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi.
Apesar do Egito pedir uma intervenção militar na Líbia, a Itália, que já colonizou o país no passado, afirma que a solução precisa ser política. Ambos, porém, concordam com a necessidade da ajuda das Nações Unidas. "Seremos os solicitantes de uma ação da ONU", disse o ministro italiano do Interior, Angelino Alfano, que está em Washington.
"A ONU deve ir até o final nesta história e cumprir a parte que lhe cabe, porque a Itália não tem nenhuma intenção de tomar partido sem a ONU. A rápida evolução dos eventos na Líbia justifica a necessidade da mesma velocidade da parte da ONU e dos organismos multilaterais internacionais", ressaltou.
Nesta semana, a imprensa internacional publicou supostos documentos pertencentes ao EI, os quais demonstariam a intenção do grupo de dominar o sul da Europa através de infiltrações em navios de imigrantes que partem da Líbia e sequestros de cruzeiros. Como medida de segurança, a Itália ordenou a retirada de cidadãos que vivem na Líbia. Já o Egito, que teve 21 cristãos coptas decapitados pelo EI, iniciou uma série de bombardeios contra os alvos do grupo em território líbio.
Ontem, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, garantiu que seu país não está em guerra contra o Islã, mas sim, "contra aqueles que pervertem o islamismo".
O mandatário participou da Cúpula Internacional sobre a Violência e o Extremismo, que termina hoje em Washington. "Os terroristas não falam por um bilhão de muçulmanos", defendeu Obama.
Por sua vez, o representante russo permanente nas Nações Unidas, Vitaly Churkin, afirmou que Moscou poderia participar de uma eventual coalizão internacional contra o EI na Líbia. Neste caso, a Rússia garantiria um bloqueio naval para impedir a chegada de armas aos extremistas.
"Do ponto de vista político, eu não excluiria essa possibilidade. Mas a decisão não é minha. Se a Rússia participou das operações ao longo da costa somali, por que não poderia fazer o mesmo no Mar Mediterrâneo?", ressaltou.
O Qatar convocou o seu embaixador no Egito para consultas após o governo do Cairo tomar a decisão unilateral de bombardear os alvos do EI na Líbia Um representante do Ministério das Relações Exteriores do Qatar condenou a execução dos 21 cristãos egípcios, mas ressaltou que as atitudes do Egito são uma afronta "à sabedoria, ao comportamento e aos princípios da ação árabe conjunta".
O gesto indica que ainda há rusgas entre os dois países, apesar de uma tentativa de reaproximação em dezembro, após 18 meses de afastamento devido ao apoio do Qatar à Irmandade Muçulmana.
O jornalista americano James Foley, 40 anos, foi decapitado no dia 19 de agosto de 2014 por militantes do Estado Islâmico. Essa foi a primeira vítima cuja a morte foi gravada pelo grupo extremista e divulgada na internet. Foley havia desaparecido na Síria há quase dois anos. No vídeo, o americano - que estava ajoelhado ao lado de seu executor - disse que os EUA causaram sua morte.
Foto: AP
O jornalista americano Steven J. Sotloff, 31 anos, foi decapitado no dia 2 de setembro de 2014. Ele havia sido sequestrado em 2013 e apareceu no primeiro vídeo divulgado pelo Estado Islâmico na internet. No primeiro vídeo, James Foley foi decapitado e Sotloff foi ameaçado de morte caso os EUA não "colaborassem" com o grupo extremista. Sua morte também foi divulgada em vídeo.
Foto: AP
O escocês David Haines, 44 anos, foi sequestrado em março de 2013, quando atuava como voluntário em trabalhos humanitários na Síria. Ele foi decapitado no dia 13 de setembro de 2014 pelo Estado Islâmico e foi a terceira vítima ocidental a ser decapitada pelo grupo extremista que teve a morte divulgada em vídeo na internet.
Foto: Twitter
O motorista de táxi britânico Alan Henning, 47 anos, foi a quarta vítima do Estado Islâmico a ter a decapitação divulgada em vídeo na internet. Henning participava de comboio de voluntários que levavam suprimentos médicos à Síria. Apelidado de "Gadget", Henning foi sequestrado nove meses antes da divulgação de sua morte, no dia 03 de outubro de 2014. No final de seu vídeo, um refém americano foi apresentado como uma nova vítima do EI.
Foto: The Telegraph / Reprodução
O ex-militar americano Peter Edward Kassing, 26 anos, trabalhava como voluntário na assistência humanitária na Síria. Ele foi o refém apresentado no final do vídeo da morte do britânico Alan Henning. No dia 16 de dezembro, Kassing foi decapitado e teve um vídeo que divulgava sua morte publicado na internet. No vídeo, um militante do Ei, com sotaque britânico, aparece ao lado de uma cabeça decapitada que seria a de Kassing. O americano tinha sido sequestrado em outubro de 2013 e se convertido ao islã.
Foto: AP
O fotógrafo sírio Omar Alkhani esteve nas mãos do Estado Islâmico por dois meses. Ele diz que foi sequestrado em Aleppo, na Síria, e que dividiu a prisão com o jornalista James Foley, o primeiro a ter a morte divulgada em vídeos pela internet. Alkhani disse que, após dois meses de cárcere, os membros do EI vendaram seus olhos, o colocaram em um carro e ele foi jogado na rua. Durante o sequestro, Alkhani foi torturado.
Foto: El País / Reprodução
O jornalista independente britânico John Cantlie, 43 anos, foi sequestrado na Síria em 2012. Desde então, ele é um dos reféns do Estado Islâmico. Cantlie apareceu em alguns vídeos do EI e, em um deles, o jornalista aparece andando pelas ruas de Mossul e mostrando que a rotina dos moradores da região não mudou em nada com a presença do grupo extremista. A imprensa ocidental afirma que a vida em Mossul tem sido difícil desde a presença do EI.
Foto: Twitter
O empresário japonês Haruna Yukawa (à direita), 42 anos, chegou à Síria em agosto de 2014 e seu paradeiro estava desconhecido desde então. O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Japão procurava por ele. Seu amigo, o jornalista Kenji Goto, foi à sua procura e ambos acabaram aparecendo em um vídeo do Estado Islâmico, como reféns, divulgado em janeiro. O grupo exigiu um resgate de US$ 200 milhões de dólares do governo japonês. Sem negociações, Yukawa foi decapitado no dia 21 de janeiro de 2015, sua morte foi anunciada e ilustrada em fotografias por Goto em um vídeo.
Foto: AP
O jornalista freelancer e documentarista japonês Kenji Goto, 47 anos, foi decapitado no dia 31 de janeiro de 2015 por um jihadista membro do Estado Islâmico. Ele foi capturado em outubro de 2014 e estaria na Síria à procura de seu amigo, o empresário Haruna Yukawa. Yukawa foi morto em janeiro e Goto foi mantido refém ao lado de um jordano. A liberdade de ambos foi oferecida pelo Estado Islâmico em troca da libertação de uma terrorista. O Japão não quis negociar e um vídeo com Goto sendo decapitado foi divulgado na internet.
Foto: EPA/ISLAMIC STATE / EFE
O tenente e piloto jordano Moaz al-Kasasbeh, 26 anos, participava na missão aérea contra o Estado Islâmico, em apoio à aviação dos Estados Unidos, quando o seu caça F-16 foi atingido e caiu em território sírio controlado pelo Estado Islâmico, no dia 24 de Dezembro de 2014. Desde então, o EI divulgou algumas fotografias humilhantes. A Jordânia aceitou trocar a liberdade do piloto pela liberdade de uma terrorista, contanto que o piloto esteja realmente vivo. Porém, em 3 de fevereiro, sua morte foi divulgada por meio de um vídeo, em que ele aparece sendo queimado vivo, dentro de uma jaula.
Foto: Reproducción
O médico alemão Stefan Viktor Okonek e sua esposa Henrite Dielen foram sequestrados no dia 24 de setembro. O Estado Islâmico ameaça matar a dupla, caso o governo alemão continue a apoiar os bombardeios contra o EI, liderados pelos Estados Unidos. A partir do final de setembro, não houve informações sobre as vítimas.
Foto: interaksyon / Reprodução
A voluntária americana Kayla Jean Mueller, 26 anos, foi feita refém em Alepo, no norte da Síria, em agosto de 2013. Ela era voluntária de uma organização não-governamental do Arizona. No dia 6 de fevereiro, o Estado Islâmico anunciou que Kayla tinha sido morta durante um ataque aéreo da coligação internacional, conduzido por forças jordanianas. Sua morte só foi confirmada pela Casa Branca no dia 10 de fevereiro.