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Oriente Médio

Divisão entre potências deve adiar negociação de paz na Síria

Enviados dos EUA, da Rússia e da ONU devem se reunir na próxima terça-feira em Genebra como parte dos preparativos para a conferência de paz

30 out 2013 - 18h57
(atualizado às 19h00)
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As potências internacionais dificilmente cumprirão seu objetivo de promover uma negociação de paz para a Síria no mês que vem em Genebra, por causa das divergências entre Estados Unidos e Rússia a respeito da representação da oposição, segundo fontes oficiais árabes e ocidentais.

O fracasso da Coalizão Nacional Síria (CNS) em adotar uma posição clara sobre o processo de paz também deve contribuir com um adiamento de até um mês, segundo as fontes ouvidas pela Reuters. Várias autoridades esperavam que a reunião fosse convocada para 23 de novembro, embora nenhuma data tenha sido oficializada.

Guerra civil em fotos
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Terra compilou alguns dos principais materiais fotográficos disponibilizados ao longo destes mais de dois anos de guerra na Síria. Cada imagem leva a uma galeria que conta um episódio específico ou remete a uma situação importante do conflito.

 

"Um quadro mais claro vai emergir quando os Estados Unidos e a Rússia se reunirem na semana que vem, mas tudo indica que a meta de 23 de novembro será difícil de cumprir", disse uma das autoridades envolvidas na preparação das negociações.

Enviados dos EUA, da Rússia e da ONU devem se reunir na próxima terça-feira em Genebra como parte dos preparativos para a conferência de paz, proposta inicialmente em maio pela Rússia.

O principal ponto de discordância, segundo essa autoridade, é o papel da coalizão oposicionista apoiada pelo Ocidente. Em reunião na semana passada em Londres, países árabes e ocidentais contrários a Assad anunciaram que deveria haver em Genebra "uma só delegação do regime sírio e uma só delegação da oposição, da qual a Coalizão Nacional Síria deveria ser o coração e liderança, como representante legítima do povo sírio".

Reportagens exclusivas
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Acompanhe a cobertura exclusiva do Terra através do trabalho dos jornalistas Tariq Saleh e Mauricio Morales. Sediado no Líbano, país vizinho e sensível à crise síria, Saleh conversou com sírios, visitou refugiados e ouviu analistas para acompanhar o desenrolar de um conflito complexo e com desfecho ainda incerto. Enviado especial para o conflito, Morales passou dias com rebeldes para conhecer sua visão do conflito.

 

Já a Rússia vê a CNS como apenas uma parte da oposição, e sugere que várias delegações, inclusive de personalidades radicadas em Damasco e toleradas pelo governo, deveriam representar a oposição.

Essa posição foi ecoada por Hassan Abdul Azim, diretor do Órgão Nacional de Coordenação, outro grupo de oposição, que deixou uma reunião em Damasco com o enviado internacional Lakhdar Brahimi dizendo que os delegados deveriam participar não sob o nome da CNS, e sim como parte de uma "Oposição Nacional Síria".

Além disso, um comunicado no final da reunião em Londres dizia que o objetivo da conferência de Genebra será estabelecer um governo provisório na Síria, e que até lá "Assad e seus associados próximos com sangue nas mãos não terão papel na Síria".

"Os russos estão furiosos com a posição forte assumida em Londres, e pelo fato de o comunicado avançar muito no sentido de atender às exigências da coalizão", disse uma fonte ocidental.

Os preparativos para a conferência de Genebra ficaram ainda mais confusos na terça-feira por causa da demissão do vice-premiê sírio Qadri Jamil, que no sábado havia se reunido em Genebra com o diplomata norte-americano Robert Ford.

Jamil, membro daquilo que Assad descreve como "oposição patriótica", foi demitido por deixar o país sem permissão e por realizar reuniões não-autorizadas, segundo a imprensa estatal.

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