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Oriente Médio

Cronologia dos golpes de Estado na Turquia

16 jul 2016 - 00h11
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Um grupo de soldados do exército da Turquia efetuou nesta sexta-feira uma tentativa de golpe de Estado, que o governo garante ter fracassado.

Segue uma cronologia dos golpes militares que aconteceram na Turquia desde a fundação da República em 1923.

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-1960: Em 27 de maio daquele ano um grupo de militares de médio e baixo escalão deu o primeiro golpe da história moderna de país.

O general Cemal Gürsel, a quem os jovens oficiais tinham solicitado apoio, anunciou o levante militar contra o governo do direitista Adnan Menderes, que era acusado de ter se submetido aos Estados Unidos e de ser o causador da pobreza no país.

Os autores do golpe iniciaram uma Assembleia Constituinte que redigiu a Constituição de 1961, até então a mais progressista da história da Turquia.

Em 15 de outubro de 1961, os militares consideraram seu trabalho cumprido e convocaram novas eleições, não sem antes ter julgado e executado Menderes e seus ministros das Relações Exteriores e Finanças.

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-1971: O governo direitista do Partido da Justiça (AP), herdeiro do partido de Menderes, provocou um grande descontentamento entre a população, principalmente entre as empobrecidas camadas de camponeses emigrados do campo à cidade.

O auge dos movimentos esquerdistas radicais e os rumores de um possível golpe de Estado da oficialidade de grau inferior, influenciada por ideias progressistas, fizeram com que o Estado-Maior do exército apresentasse um memorando ao governo de Suleyman Demirel que se viu obrigado a renunciar em 12 de março de 1971.

Os militares empreenderam uma reforma interna para reforçar a hierarquia, evitar a penetração das ideias comunistas e impedir incidentes como o de 1960.

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-1980: O golpe do 12 de setembro foi o mais duro dos registrados na história da Turquia.

Durante a década de 1970, os enfrentamentos entre a esquerda radical e a extrema-direita deixaram milhares de mortos e levaram o país à beira da guerra civil.

O golpe, planejado pelo Estado-Maior e dirigido pelo general Kenan Evren, levou à prisão todos os líderes políticos dos partidos existentes além da centenas de ativistas, professores universitários e sindicalistas.

O golpe recebeu o apoio dos Estados Unidos, cujas autoridades qualificaram Evren como "um de nossos rapazes".

Os partidos políticos foram fechados, a Constituição de 1961 foi abolida e a Junta Militar redigiu uma nova Carta Magna, em vigor desde 1982 e mais conservadora que a anterior.

Em novembro de 1983 foram realizadas eleições, mas os partidos anteriores ao golpe não puderam participar e os antigos líderes políticos foram proibidos de participar por toda a vida, embora esta legislação tenha sido suspensa em 1989.

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- 1997: Os anos 90 foram um período de instabilidade política com constantes mudanças de governo e frágeis alianças.

Em 1996, a até então primeira-ministra, Tansu Çiller, do partido DYP, formou um governo de coalizão com o islamita Partido da Prosperidade (RP), dirigido por Necmettin Erbakan, que se tornou chefe do governo.

As constantes provocações de Erbakan e seus discursos incendiários desagradavam profundamente o exército, que em 28 de fevereiro de 1997 apresentou ao governo um memorando de 18 pontos.

As medidas estavam dirigidas a reduzir a influência dos islamitas e fizeram com que o governo de Erbakan renunciasse em 30 de junho daquele ano.

Devido ao fato de os militares não terem chegado a atuar, o incidente entrou para a história como o golpe "virtual" ou "pós-moderno".

EFE   
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