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Oriente Médio

Conferência mundial na Tunísia pressiona Assad a deixar a Síria

24 fev 2012 - 22h49
(atualizado às 23h54)
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O primeiro encontro do grupo Amigos da Síria, formado por mais de 60 países, pediu nesta sexta-feira, em Túnis, capital da Tunísia, uma ação mais forte contra a repressão na Síria e disse estar pronto para tomar medidas "políticas, diplomáticas e econômicas" mais duras contra o regime de Bashar al-Assad. "Precisamos procurar meios de forçar um embargo de armas contra o regime", disse Ahmet Davutoglu, ministro do Exterior da Turquia. Segundo ele, vários países, incluindo a Turquia, já tomaram essa iniciativa, mas seria preciso um esforço maior.

O presidente da Tunísia sugeriu que Assad e família fossem para a Rússia "à iemenita"
O presidente da Tunísia sugeriu que Assad e família fossem para a Rússia "à iemenita"
Foto: AFP

Na abertura da conferência, o presidente da Tunísia, Moncef Marzouki, pediu uma saída negociada do presidente sírio, Bashar Al-Assad, e de sua família da Síria. Neste sentido, Marzouki pediu à Rússia que se encarregue de acolher Assad, ao qual solicitou que ceda o poder ao vice-presidente, uma solução que qualificou como "à iemenita".

A Liga Árabe sugeriu a criação de um corredor humanitário, que pudesse levar alívio às áreas mais afetadas pelo conflito. O confronto entre as forças do presidente Assad e os rebeldes já dura 11 meses.

Armar os rebeldes

Em conversa com a secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton, o ministro saudita do Exterior, Saud al-Feisal, disse que armar os rebeldes "seria uma ideia excelente". De Washington, porém, o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, comentou que "uma maior militarização na Síria neste momento não seria inteligente".

Nenhum líder falou sobre uma intervenção militar no país, já que Rússia e China usaram seu poder de veto para impedir várias medidas coercivas contra a Síria. Rússia e China, aliás, não foram a Túnis.

Hillary Clinton ressaltou que "se o regime de Assad não permitir que a ajuda para salvar vidas chegue aos cidadãos, ele terá mais sangue em suas mãos". Dirigindo-se a Assad, ela ameaçou: "Você vai pagar um preço muito caro por ignorar a vontade da comunidade internacional e violar os direitos humanos do seu povo". Em Túnis, ela também anunciou a liberação de 10 milhões de euros para os esforços humanitários na Síria.

Mudar posição de Rússia e China

A secretária de Estado americana também afirmou que a comunidade internacional deve trabalhar para que Rússia e China mudem sua posição sobre as sanções contra o regime sírio. "Devemos trabalhar para mudar a posição de Rússia e China", disse Clinton à imprensa. "Precisam compreender que estão contrariando não apenas as aspirações do povo sírio, mas de toda a Primavera Árabe", afirmou.

O presidente americano, Barack Obama, disse que é preciso utilizar "todos os instrumentos disponíveis" para deter o "massacre" de civis na Síria. Obama afirmou ainda que está "alentado pela unidade internacional" mostrada no encontro.

Declaração final

O grupo de 60 países - com a exceção de China e Rússia - pediu ao governo de Damasco a "cessão imediata de toda forma de violência" para permitir o ingresso de ajuda humanitária, comprometendo-se a "tomar medidas para aplicar e reforçar as sanções sobre o regime", segundo o documento que sela o encontro desta sexta-feira. Os participantes se comprometeram a "tomar medidas para aplicar e reforçar as restrições e sanções sobre o regime, como uma mensagem clara para o regime sírio de que não pode atacar civis impunemente".

Os integrantes do grupo também reconheceram o principal grupo opositor, o Conselho Nacional Sírio (CNS), como "um legítimo representante dos sírios que buscam uma mudança democrática pacífica". A declaração se limitou, ao contrário, a "tomar nota do pedido da Liga Árabe para que o Conselho de Segurança da ONU emita uma resolução para formar uma força de paz conjunta árabe e das Nações Unidas (...), e decidiu continuar as discussões sobre as condições de deslocamento de uma força tal".

Protestos contra a conferência

Cerca de 1 mil tunisianos organizaram pelo menos três protestos simultâneos contrários à reunião dos Amigos da Síria na capital do país africano. As manifestações bloquearam a entrada do local do encontro, interromperam o tráfego em ruas da cidade e atrapalharam os trabalhos na sede do Ministério de Relações Exteriores. A polícia reprimiu os protestos, que não interromperam os discursos.

No local dos conflitos

Enquanto isso, a Cruz Vermelha anunciou que finalmente conseguiu entrar na cidade de Homs para atender os casos urgentes. Ambulâncias da organização resgataram pessoas atingidas pelos bombardeios no distrito de Baba Amr, inclusive dois jornalistas ocidentais feridos e o corpo de outros dois mortos. 

Pelo menos 66 civis morreram nesta sexta-feira em meio aos confrontos. Segundo estimativa das Nações Unidas, ao menos 5,4 mil cidadãos foram mortos em consequência da repressão comandada pelas tropas de Assad. Ativistas sírios dizem que esse número seria de 7,3 mil pessoas.

Ações paralelas

A União Europeia anunciou que irá congelar na próxima segunda-feira os bens do Banco Central da Síria, segundo informou o ministro francês do Exterior, Alain Juppé. O ministro do Exterior alemão chamou de "escolha inteligente" a nomeação de Kofi Annan como enviado especial das Nações Unidas e Liga Árabe para o caso Síria.

O ex-secretário-geral da ONU tem "uma autoridade que não pode ser ignorada por países como Rússia ou China", adicionou Westerwelle. "Nós precisamos trabalhar contra um agravamento do conflito e precisamos tirar do regime as ferramentas que permitem dar continuidade à violência", disse Guido Westerwlle.

Com informações das agências Deutsche Welle, AFP e EFE.

Fonte: Terra
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