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Mundo

Órgão admite erro sobre remessas do Vaticano à Austrália

Ao invés de 1,4 bilhão,Igreja enviou 'apenas' 6 milhões de euros

13 jan 2021 - 15h41
(atualizado às 16h35)
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Pela primeira vez, o Vaticano se pronunciou de maneira oficial sobre o escândalo financeiro que atinge a Igreja Católica na Austrália e negou que tenha feito transferências bilionárias entre os anos de 2014 e 2020.

Caso era investigado porque dinheiro teria sido mandado na época do processo contra George Pell
Caso era investigado porque dinheiro teria sido mandado na época do processo contra George Pell
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

Pouco depois, a Austrac, órgão do governo australiano que investiga crimes financeiros, admitiu que cometeu um erro.

A nota oficial diz que a Santa Sé trabalhou em parceria com a Austrac e com a Comissão Australiana sobre Caridade e ONGs (Asif) e que há uma "grande discrepância" sobre as transações financeiras efetuadas pelo Vaticano para a Austrália no período citado, destacando que os valores errados foram publicados por um "jornal australiano".

"Entre 2014 e 2020: [foram] 9,5 milhões [de dólares australianos] contra 2,3 bilhões de dólares australianos. A cifra é justificada, entre outros, sobre algumas obrigações contratuais e a gestão ordinária dos próprios recursos. Pela ocasião, a Santa Sé reforça o respeito pelas Instituições do País e manifesta satisfação pela colaboração entre os entes envolvidos", informa o comunicado.

Após a nota do Vaticano, a Austrac admitiu que cometeu um erro de cálculo e que os valores informados à imprensa estavam errados. Ao invés de 1,4 bilhão de euros enviados em 400 mil transações financeiras como havia sido publicado, na realidade, eram 6 milhões de euros em 362 remessas bancárias.

"Acredita-se que um erro de código do computador seja a origem do cálculo errado", informa ainda a Austrac em uma nota publicada no "The Australian", o jornal citado indiretamente pela nota do Vaticano.

O valor enorme gerou uma série de dúvidas, inclusive, na Conferência Episcopal da Austrália, que dizia não saber para onde teria ido a cifra bilionária - já que ela equivale, praticamente, ao superávit da Igreja no mundo todo. Os bispos australianos chegaram a pedir que o papa Francisco abrisse uma investigação formal sobre o caso.

O caso foi revelado durante uma audiência no Senado da Austrália em outubro do ano passado, quando a senadora Concetta Fierravanti-Wells questionou a presidente da Austrac sobre uma investigação da Polícia Federal sobre o dinheiro enviado pelo Vaticano.

O questionamento era porque o montante teria sido enviado ao país durante o período em que o cardeal George Pell estava sendo alvo de um processo por abuso sexual de menores. O religioso, o mais alto membro da Igreja Católica a sofrer um processo do tipo, chegou a ser condenado a seis anos de prisão em primeira e segunda instância, mas a Alta Corte da Austrália anulou o processo por falta de provas. .

Ansa - Brasil   
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