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Oposição turca deve vencer eleições municipais em Istambul, em golpe contra Erdogan

23 jun 2019 - 16h41
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A oposição turca caminha para uma vitória decisiva neste domingo, na repetição da eleição para a prefeitura de Istambul, prometendo um "novo começo" para a maior cidade do país, em uma das maiores derrotas do presidente Tayyip Erdogan em seus 16 anos no poder.

Ekrem Imamoglu, candidato a prefeito do secular Partido Republicano do Povo (CHP), liderava com 54% dos votos contra 45% do candidato do partido AK (AKP), de Erdogan, com mais de 99% das urnas abertas, disse a imprensa turca. 

"Hoje, 16 milhões de moradores de Istambul renovaram sua fé na democracia e refrescarem nossa confiança na Justiça", disse Imamoglu a apoiadores. 

Seu adversário do AKP, o ex-primeiro-ministro Binai Yildirim, felicitou-o e o desejou "toda a sorte" à frente de Istambul, pólo comercial da Turquia. Erdogan também tuitou seus parabéns ao candidato do CHP. 

Imamoglu havia vencido a eleição original para prefeito, em 31 de março, por uma margem apertada que levou o AKP, com raízes islâmicas, a exigir um novo pleito, citando o que considerou serem irregularidades. 

A decisão do Alto Comitê Eleitoral de permitir uma nova eleição atraiu críticas pesadas dos aliados ocidentais da Turquia e de adversários de Erdogan em âmbito doméstico, gerando preocupações sobre o Estado de Direito e tornando ainda mais importante uma eleição que muitos turcos viram como um teste da democracia do país. 

As emissoras de televisão colocam a vantagem do CHP neste domingo em aproximadamente 700.000 votos, contra uma margem de 13.000 em março. 

O comitê eleitoral disse que anunciaria os resultados da eleição assim que possível. 

JUSTIÇA E AMOR

Imamoglu, ex-empresário e prefeito distrital que fez uma campanha inclusiva e evitou criticas a Erdogan, disse que está pronto para trabalhar com o AKP para resolver os problemas de Istambul. 

O próprio Erdogan foi prefeito de Istambul nos anos 1990, antes de embarcar em sua carreira política nacional, dominando a política turca primeiro como primeiro-ministro, depois como presidente.

Erdogan estava no poder durante a fase de maior crescimento econômico do país, mas críticos afirmam que ele tem se tornado cada vez mais autoritário e intolerante com dissidências. 

Se confirmada, essa segunda derrota em Istambul seria embaraçosa para o presidente, que até recentemente era visto como tendo um controle firme sobre o poder.

Erdogan fez uma campanha forte em Istambul e direcionou críticas diretas contra Imamoglu, acusando-o de mentir e trapacear. 

Analistas afirmam que a derrota pode levar a uma reforma ministerial no governo turco e a ajustes na política externa. Ela também poderia ser um gatilho para antecipar eleições nacionais, hoje agendadas para 2023, embora o líder do aliado nacionalista do AKP tenha minimizado essa perspectiva.

"A Turquia deve voltar à sua verdadeira agenda, o processo eleitoral tem que terminar", disse o líder do partido MHP, Deviet Bahceli. "Nesse contexto, falar sobre eleições antecipadas estaria entre as piores coisas que poderiam ser feitas contra nosso país".

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