Número de mortos por conflitos religiosos sobe para 32 na capital da Índia
Pelo menos 32 pessoas morreram nos piores incidentes de violência em décadas na capital da Índia, Nova Délhi, e uma forte presença das forças de segurança levou a um clima de paz tensa nesta quinta-feira.
A violência começou na segunda-feira devido a uma polêmica nova lei de cidadania, mas levou a confrontos entre muçulmanos e hindus, nos quais centenas de pessoas ficaram feridas. Muitas sofreram ferimentos a bala, e também foram registrados incêndios criminosos e saques.
"O número de mortos agora é de 32", disse o porta-voz da polícia de Nova Délhi, Anil Mittal, acrescentando que "toda a área está pacífica agora".
Uma nova lei que facilita a obtenção da cidadania indiana para não muçulmanos de alguns países vizinhos de maioria muçulmana está no centro da questão.
A chefe de direitos humanos da ONU, Michelle Bachelet, disse que a nova lei adotada em dezembro é "uma grande preocupação" e que ela está preocupada com relatos de falta de ação policial em face de ataques contra muçulmanos por outros grupos.
"Apelo a todos os líderes políticos que evitem a violência", disse Bachelet em discurso ao Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra.
Críticos dizem que a lei é tendenciosa contra os muçulmanos e enfraquece a Constituição secular da Índia.
O partido nacionalista hindu Bharatiya Janata, do primeiro-ministro Narendra Modi, nega ter qualquer preconceito contra os 180 milhões de muçulmanos da Índia, dizendo que é necessária uma lei para ajudar as minorias perseguidas.
Nova Délhi tem sido o epicentro de protestos contra a nova lei, com estudantes e membros da comunidade muçulmana liderando os protestos.
O premiê Modi, que conquistou a reeleição em maio passado, também retirou a autonomia da região de Jammu e Caxemira em agosto, com o objetivo de reforçar o domínio de Nova Délhi na área turbulenta, que também é reivindicada integralmente pelo Paquistão.
Durante meses, o governo impôs severas restrições sobre a Caxemira, incluindo o corte de linhas telefônicas e da internet, mantendo centenas de pessoas, incluindo líderes políticos tradicionais, sob custódia, por medo de que pudessem desencadear protestos em massa. Algumas restrições foram atenuadas desde então.
Bachelet disse que o governo indiano continua a impor restrições excessivas ao uso das mídias sociais na região, mesmo que alguns líderes políticos tenham sido libertados.