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Mundo

Norte-americanos vão às urnas em 'referendo' sobre Trump

Eleições de meio de mandato põem em jogo o controle do Congresso

6 nov 2018 - 07h59
(atualizado às 08h12)
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Os eleitores dos Estados Unidos vão às urnas nesta terça-feira (5) para o maior teste popular para o presidente Donald Trump desde o início de seu governo, em janeiro de 2017.

Comício de Donald Trump no Tennessee
Comício de Donald Trump no Tennessee
Foto: EPA / Ansa - Brasil

As eleições legislativas de meio de mandato podem marcar uma mudança no equilíbrio de forças no Congresso, hoje controlado pelo Partido Republicano. Os eleitores renovarão os 435 assentos da Câmara dos Representantes, um terço (35) das 100 cadeiras do Senado e 36 governos estaduais, incluindo Califórnia, Nova York, Texas e Flórida.

Segundo projeções do site "FiveThirtyEight", do estatístico Nate Silver, o Partido Democrata tem 85,6% de chances de retomar o controle da Câmara, enquanto os republicanos têm o mesmo percentual de possibilidade de manter o comando do Senado, onde a maioria dos assentos em jogo são da legenda progressista.

Ainda que a Câmara Alta continue vermelha, perder o comando de um dos ramos do Congresso - justamente aquele que tem o poder de instaurar um processo de impeachment - deve dificultar a vida de Trump.

De acordo com uma pesquisa divulgada pela "CNN", sete em cada 10 eleitores dizem que seus votos serão contra (42%) ou a favor (28%) do chefe da Casa Branca.

O presidente se ancora na aquecida economia norte-americana para evitar uma derrota republicana nas urnas e endureceu o discurso nas últimas semanas, enviando milhares de militares para conter uma caravana de migrantes que ainda está longe da fronteira entre Estados Unidos e México.

Trump chegou até a ser acusado de racismo por divulgar um anúncio comparando os migrantes centro-americanos com um clandestino condenado nos EUA por matar dois policiais. Na peça, o narrador questiona: "Quem mais os democratas deixarão entrar?".

O presidente também reintroduziu as sanções contra o Irã às vésperas das eleições e tem participado ativamente de comícios pelo país. "A América voltou a ser respeitada em todo o mundo. Os tempos nos quais se aproveitavam de nós acabaram", disse o magnata durante um evento em Indiana, na última segunda (5).

"Agora vocês têm um presidente que luta pelo nosso país, o qual os democratas querem destruir, mas nós não permitiremos. Venceremos, porque somos verdadeiros americanos", acrescentou. Seu antecessor, Barack Obama, também se empenhou pessoalmente na campanha, creditando a seu governo o sucesso da economia.

"Quando cheguei na Casa Branca tive de resolver os problemas que nos haviam deixado. Onde vocês pensam que tudo isso começou, quem vocês acham que fez isso?", questionou Obama durante um comício em Chicago. "O que está em jogo é o caráter de nosso país, seus valores", acrescentou.

O ex-presidente chegou a definir as eleições de 2018 como as mais importantes de sua vida. Para os democratas, o pleito é uma oportunidade de se recuperar de derrota de 2016 e entrar com força na corrida pela Casa Branca de 2020.

Renovação

Tradicionalmente o partido no poder perde espaço na primeira eleição de meio de mandato após a chegada ao governo, e as primárias criaram um ambiente de entusiasmo entre os democratas, renovados por uma geração de candidatos que parecem seguir o ideário mais à esquerda do senador Bernie Sanders.

Em Nova York, uma novata negra, latina e socialista, Alexandria Ocasio-Cortez, chacoalhou o establishment democrata ao vencer as primárias em um distrito dominado havia 20 anos por um veterano do partido. Em Vermont, a transgênero Christine Hallquist é candidata a governadora pelo Partido Democrata, embora não apareça como favorita.

As eleições também acontecem em meio ao luto pelo atentado que matou 11 pessoas em uma sinagoga de Pittsburgh, o maior ataque antissemita da história do país, e sob a sensação de que o discurso de ódio encontra cada vez mais espaço em solo norte-americano. O pleito de meio de mandato é o primeiro em âmbito nacional após as denúncias de interferência da Rússia no processo eleitoral nos EUA e o escândalo Cambridge Analytica, consultoria contratada pela campanha de Trump e que usou ilegalmente dados de milhões de usuários do Facebook.

A rede social anunciou nesta terça a suspensão de 30 contas na plataforma e de 85 no Instagram por suspeita de envolvimento em uma ação coordenada para interferir nas eleições de 2018. Segundo o Facebook, as atividades podem estar ligadas a empresas de fora dos EUA.

Ansa - Brasil   
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