Nicarágua expulsa religiosas da congregação de Madre Teresa
Episódio é mais um da perseguição de Ortega a religiões e ONGs
O governo da Nicarágua, liderado pelo autoritário Daniel Ortega, anunciou nesta quinta-feira (30) a expulsão do país das religiosas que fazem parte da Congregação Missionárias da Caridade, organização fundada por Madre Teresa de Calcutá.
A justificativa apresentada pela Direção Geral de Registro e Controle de Organizações sem Fins Lucrativos do Ministério do Interior é de que as freiras "não respeitaram a lei sobre financiamento do terrorismo e sobre a proliferação de armas de destruição em massa".
Além disso, a pasta diz que as irmãs religiosas prestavam serviços de assistência social que não passaram pela aprovação dos ministérios da Família, de Educação Pública e Saúde.
O "terrorismo" ou a atuação "sem registro" são as principais motivações usadas para expulsar e cassar o registro de cerca de 450 ONGs desde 2018, quando manifestações nacionais contestaram Ortega no poder. A medida ainda precisa passar pela aprovação do Parlamento, que é controlado por governistas.
A decisão contra a Igreja Católica chega também cerca de três meses depois do presidente expulsar o núncio apostólico na Nicarágua, cargo equivalente a embaixador, monsenhor Waldemar Stanislaw Sommertag, e após inúmeros padres e bispos serem expulsos do país.
"Me entristece muito que a ditadura obrigou as freiras Missionárias da Caridade de Teresa de Calcutá a deixar o país. Nada justifica privar os pobres de cuidados e da caridade. Elas são testemunhas de um serviço de amor. Que Deus as abençoe", disse o bispo auxiliar de Managuá, Silvio José Baez.
As religiosas de Madre Teresa estavam na Nicarágua desde 1986 e atuavam no auxílio a comunidades carentes. Ao todo, a congregação atua em mais de 130 países no mundo e tem cerca de 4,5 mil religiosas.
Já Ortega está no poder desde 2007 e, a cada ano, seu governo foi se tornando cada vez mais autoritário. Nas últimas eleições, em novembro de 2021, o governo do mandatário mandou prender todos os opositores que tentaram disputar a Presidência, sete ao todo, e cassou o registro da maior sigla de oposição. Assim, foi "reeleito" pela quarta vez consecutiva. .