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Netanyahu diz a Macron que acordo nuclear irá morrer e é necessário atacar "agressão" do Irã

5 jun 2018 - 20h19
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O líder de Israel pediu nesta terça-feira para a França volte sua atenção para combater a "agressão regional" do Irã, dizendo que não precisa mais convencer Paris a deixar o acordo nuclear de 2015 entre potências mundiais e Teerã, já que a pressão econômica irá encerrá-lo de qualquer maneira.

Macron e Netanyahu chegam para entrevista em Paris
 5/6/2018      REUTERS/Philippe Wojazer/Divulgação
Macron e Netanyahu chegam para entrevista em Paris 5/6/2018 REUTERS/Philippe Wojazer/Divulgação
Foto: Reuters

Benjamin Netanyahu estava em Paris para conversas com o presidente Emmanuel Macron como parte de uma viagem para persuadir signatários europeus - Reino Unido, França e Alemanha - a seguirem a ação de Washington de buscar uma posição dura sobre o Irã após os Estados Unidos deixarem o acordo e recolocarem sanções sobre Teerã.

    "Eu não pedi para a França se retirar do JCPOA (acordo do Irã) porque eu acho que ele será basicamente dissolvido pelo peso de forças econômicas", disse Netanyahu em entrevista coletiva conjunta com Macron.

    "Se você tem um acordo ruim, você não precisa cumpri-lo, especialmente se você vê que o Irã está conquistando um país depois do outro e você não consegue separar isto da agressão do Irã na região (Oriente Médio)."

    As três potências europeias estão lutando para salvar o acordo - sob o qual o Irã restringiu seu programa nuclear em troca de suspensão de sanções internacionais - pois classificam o pacto como a melhor chance de impedir Teerã de desenvolver uma bomba atômica.

Israel mantém que o Irã enganou o Ocidente em um acordo unilateral e que o país planeja usar o intervalo de sanções para aumentar suas reservas financeiras antes de retornar em ampla escala enriquecimento de urânio para futuras armas nucleares.

    Macron não pareceu receptivo ao argumento de Netanyahu.

    "Eu falei ao primeiro-ministro sobre minha profunda convicção, que é compartilhada com nossos parceiros europeus, de que o acordo precisa ser preservado para garantir controle de atividade nuclear".

    O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, criticou o acordo de 2015, feito sob seu antecessor Barack Obama, uma vez que pacto não cobria o programa de mísseis balísticos do Irã, o papel do país em guerras no Oriente Médio ou o que acontece após o acordo começar a expirar, em 2025.

    As potências europeias compartilham essas preocupações, mas dizem que o acordo, também negociado com a China e com a Rússia, é a melhor maneira de impedir Teerã de desenvolver capacidade de armas nucleares.

    Macron reiterou que deseja iniciar novas negociações sobre as outras causas de preocupação para Washington.

O Irã diz há tempos que deseja energia nuclear somente para usos civis e que seus mísseis balísticos são somente para propósitos defensivos e não são negociáveis, e que possui todo direito de apoiar seus aliados envolvidos em conflitos regionais.

PRESSÃO FINANCEIRA

As potências europeias estão tentando criar um pacto para comércio com o Irã contra renovadas sanções financeiras norte-americanas para dissuadir Teerã de deixar o acordo.

Mas o alcance global do sistema financeiro dos EUA, forçando companhias a escolherem entre duas opções inconciliáveis - vender para o Irã ou para o vasto mercado norte-americano - está afastando os limites de esforços europeus para criar mecanismos financeiros que possam proteger o comércio retomado com Teerã.

    Isto deixou a Europa sob pressão de Teerã.

    "Se o Irã não conseguir garantias financeiras em petróleo e acesso ao sistema financeiro, então eu não vejo o Irã se mantendo no acordo porque a pressão de linhas-duras (iranianos) está somente aumentando", disse uma autoridade ocidental.

    "É bem possível que eles retomem capacidades de enriquecimento e pesquisa e desenvolvimento de centrífugas avançadas para mostrar aos europeus e ao mundo que estão sérios".

Na segunda-feira, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, disse que havia ordenado preparações para aumentar capacidades de enriquecimento de urânio caso o acordo nuclear se desfizesse após a saída dos EUA.

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