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Navio humanitário resgata 141 imigrantes em primeira missão desde disputa com Itália

10 ago 2018 - 17h37
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Um navio humanitário resgatou nesta sexta-feira 141 imigrantes que estavam em barcos de madeira lotados na costa da Líbia em sua primeira missão desde que foi envolvido em um impasse entre Itália e Malta pela recusa dos dois países em deixar imigrantes resgatados desembarcarem.

Imigrantes em barco de madeira aguardam resgate do navio Aquarius no Mar Mediterrâneo
 10/8/2018     REUTERS/Guglielmo Mangiapane
Imigrantes em barco de madeira aguardam resgate do navio Aquarius no Mar Mediterrâneo 10/8/2018 REUTERS/Guglielmo Mangiapane
Foto: Reuters

Quando a Itália se recusou a receber o Aquarius em junho e Malta seguiu o exemplo, o navio passou nove dias exaustivos no mar antes de receber autorização para desembarcar os imigrantes na Espanha. A disputa também envolveu a União Europeia e a França, e as tensões políticas entre Roma e Paris persistem desde então.

Dirigido pela instituição de caridade franco-alemã SOS Mediterranee e Médicos Sem Fronteiras (MSF), o Aquarius resgatou 25 imigrantes, incluindo seis mulheres, de um pequeno barco de madeira a cerca de 25 milhas náuticas da costa da Líbia.

As condições eram calmas e ensolaradas na sexta-feira, mas o barco, sobrecarregado por muitos passageiros, flutuava pouco acima da linha d'água. Os que estavam a bordo pareciam tensos e preocupados quando os socorristas se aproximaram, entregaram-lhes coletes salva-vidas e os ajudaram a subir no navio humanitário.

Mais tarde 116 outros foram retirados de um segundo barco de madeira na mesma área, incluindo 38 mulheres e 73 passageiros com menos de 18 anos. Embora maior, este navio também estava lotado de passageiros. Entre eles, um pequeno menino assustado sentou-se na borda do barco, olhando ansiosamente em direção aos salvadores.

Ambos os barcos foram avistados a partir da ponte de comando do navio.

A guarda costeira da Líbia foi informada e é a autoridade coordenadora dos resgates, escreveu o Aquarius no diário de bordo de seu navio. O Aquarius partiu na semana passada em sua 10ª missão este ano, depois de uma pausa de dois meses.

O novo governo da Itália, que assumiu o poder em junho, se recusa a receber imigrantes resgatados por navios humanitários, acusando-os de atuar como um "serviço de táxi", em uma tentativa de conseguir que os parceiros da UE arquem com uma carga maior de imigrantes.

"Em sua insensível recusa em permitir que refugiados e imigrantes desembarquem em seus portos, a Itália está usando vidas humanas como barganha", disse Matteo de Bellis, da Anistia Internacional, na quarta-feira, condenando as políticas da UE para o Mediterrâneo central.

O Aquarius ainda não recebeu um lugar seguro para desembarcar os resgatados na sexta-feira. De acordo com a lei internacional, os refugiados não podem ser colocados de volta em perigo após serem salvos no mar.

"O Aquarius está agora à espera de instruções do centro de coordenação de resgate líbio", disse o diário digital do navio.

A tripulação deixou claro antes de partir para a missão que não devolveria imigrantes para a Líbia, que não é considerada porto seguro para imigrantes e refugiados tanto pelas Nações Unidas quanto pela União Europeia.

Devido à pressão da Itália e de Malta, a maioria dos navios humanitários não está mais patrulhando a costa da Líbia. Mais de 650.000 imigrantes chegaram ao litoral da Itália desde 2014.

Embora fugas da Líbia tenham caído drasticamente este ano, traficantes humanos ainda levam alguns barcos para o mar e estima-se que 720 pessoas morreram em junho e julho, quando os navios humanitários não estavam em serviço, estimam as estimativas da Anistia Internacional.

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