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Mundo

Na 'era Trump', OMC procura novos ares

Roberto Azevêdo defendeu outra dinâmica contra o protecionismo

15 dez 2017 - 17h53
(atualizado às 18h05)
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Após o fracasso da reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC) em Buenos Aires, o diretor-geral Roberto Azevêdo afirmou nesta sexta-feira (15) que a entidade precisa respirar "novos ares", porém negou que ela tenha perdido relevância com o crescente protecionismo no planeta.

Depois dos encontros bem sucedidos em Bali (2013) e Nairóbi (2015), a OMC se reuniu na capital da Argentina, mas encerrou a cúpula sem nenhum acordo global, que precisa ser aprovado por unanimidade em um órgão formado por 164 países.

Por outro lado, grupos de nações passaram a se organizar para derrubar barreiras comerciais sem a necessidade de envolver todos os Estados-membros da entidade, uma forma de escapar do protecionismo e da ojeriza a acordos multilaterais cultivada por países como os Estados Unidos.

"Você pode continuar com esse modelo de consenso para certas coisas, e para outras, há um grupo grande de países que está decidindo experimentar outra forma de negociar. É algo novo, que ganhou ímpeto em Buenos Aires. Temos que ver como isso evolui, é uma maneira de trazer novos 'aires'", disse Azevêdo, já em São Paulo, fazendo trocadilho com o nome da capital argentina.

O diretor-geral da OMC se reuniu com o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, e negou que o modelo de consenso tenha ficado obsoleto, além de garantir que a entidade sai fortalecida da cúpula de Buenos Aires.

"Estamos em um momento no qual os membros estão encontrando várias maneiras de falar sobre as coisas que eles querem falar. Tivemos vários grupos de membros decidindo abrir compensações na área de comércio eletrônico, de facilitação de investimentos, pequenas e médias empresas... E ali está uma associação de membros que equivale a três quartos do comércio mundial, isso é uma coisa sem precedentes", disse.

No entanto, Azevêdo reconheceu que há um sentimento de frustração com o atual modelo da OMC, com membros pouco estimulados a se sentarem à mesa de negociação com pares que rechaçam o multilateralismo. "Essa é uma dinâmica diferente, que pode evoluir de maneira mais rápida", acrescentou.

Sobre o atraso na conclusão das tratativas para um acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia, tema que dominou a pauta da reunião em Buenos Aires, Azevêdo afirmou que não se trata de um assunto do âmbito da OMC, mas ressaltou que torce para o sucesso das negociações.

"Nós queremos mais integração. Eu gostaria, até do ponto de vista pessoal, que as negociações chegassem a um bom termo, mas não tem nada a ver com a OMC", disse.

Ansa - Brasil   
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