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Mundo

Myanmar condena jornalistas que revelaram limpeza étnica

Wa Lone e Kyaw Soe Oo pegaram sete anos de prisão cada

3 set 2018 - 09h44
(atualizado às 10h26)
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Um tribunal de Myanmar condenou nesta segunda-feira (3) dois jornalistas da agência "Reuters" a sete anos de cadeia por posse ilegal de documentos oficiais.

Os réus são os repórteres Wa Lone e Kyaw Soe Oo, que no ano passado denunciaram as perseguições do Exército birmanês contra a etnia muçulmana rohingya no estado de Rakhine, forçando o êxodo de mais de 700 mil pessoas para Bangladesh.

Ambos foram condenados por violação da "Lei dos Atos Secretos", que prevê penas de até 14 anos de prisão, mas se dizem inocentes e vítimas de uma armação da polícia. Segundo seu relato, eles receberam documentos de dois policiais em um restaurante de Yangon e logo depois foram presos por outros agentes.

Um policial chegou a testemunhar em favor dos jornalistas e a revelar que seu comandante ordenara a armadilha, mas acabou preso por violar normas das forças de segurança.

Hoje é um dia triste para Myanmar, para Wa Lone e Kyaw Soe e para a informação", disse o diretor da "Reuters", Stephen J. Adler. "Esses dois admiráveis jornalistas já passaram ao menos nove meses na prisão com acusações falsas, concebidas para calar sua atividade e intimidar a imprensa", acrescentou.

A conselheira de Estado de Myanmar, Aung San Suu Kyi, líder "de facto" do país e vencedora do Nobel da Paz por sua luta pela democracia, não se pronunciou sobre a sentença.

Ela também é acusada de conivência com os expoentes militares que promoveram o massacre contra os rohingyas. Segundo um relatório do Conselho para os Direitos Humanos da ONU, o Exército birmanês teve "intenção genocida" ao perseguir a minoria, cujos membros são considerados "imigrantes" em Myanmar. 

Ansa - Brasil   
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