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Bolsonaro sobre embaixada: "prometi e depois vi dificuldade"

Após promessa de campanha, presidente recuou em medida de transferir embaixada de Israel para Jerusalém: "não é tão simples assim"

2 abr 2019 - 08h27
(atualizado às 09h12)
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O presidente Jair Bolsonaro reconheceu que mudar a embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém não é "tão simples", em entrevista exibida pela TV Record, na noite de segunda-feira (1º), durante a visita ao Estado judeu. Ele afirmou que a questão tem sido conversada com o mundo árabe e será levantada em viagem a países do Oriente Médio no segundo semestre. "Eu fiz uma promessa de campanha e obviamente eu vi depois as dificuldades, não é uma coisa tão simples assim", disse Bolsonaro na entrevista.

Presidente Jair Bolsonaro durante evento em Brasília
Presidente Jair Bolsonaro durante evento em Brasília
Foto: Ueslei Marcelino / Reuters

"O Benjamin Netanyahu (premiê de Israel) obviamente gostaria que eu transferisse, mas nós temos conversado com o mundo árabe, porque o Brasil é um país de todos, tem todo mundo lá dentro, e nós buscamos conversar com essas pessoas, conversar com embaixadores. Vamos fazer uma viagem para a região do Oriente Médio no segundo semestre... e essa questão será colocada na mesa, para chegar num diálogo, num entendimento, para não termos problema de parte a parte", acrescentou.

No domingo, Bolsonaro anunciou a abertura de um novo escritório de negócios do Brasil em Israel na cidade de Jerusalém, em aparente recuo de sinais anteriores de que iria seguir os passos dos Estados Unidos transferindo a embaixada brasileira para a cidade.

A proposta original de Bolsonaro de transferir a embaixada irritou a comunidade árabe, e importantes autoridades brasileiras recuaram do plano por medo de prejudicar os laços com países árabes e comprometer bilhões de dólares em exportações de carne halal.

Segundo o presidente, a abertura do escritório de negócios foi "mais um passo" na questão da embaixada, mas Bolsonaro reconheceu ser "um simbolismo apenas".

De acordo com o governo brasileiro, o escritório de negócios não será uma representação diplomática, mas a medida irritou a comunidade palestina.

Segundo Ibrahim Alzeban, embaixador palestino em Brasília, "está em consideração" sua convocação para voltar aos territórios palestinos em reação à visita de Bolsonaro. "Segundo fui comunicado, vai depender da evolução da visita (a Israel)", disse. "Gostaríamos que não se houvesse tocado no tema de Jerusalém."

Israel tem há muito considerado Jerusalém inteira como sua capital eterna e indivisível, enquanto os palestinos querem Jerusalém Oriental como a capital de um Estado futuro que buscam estabelecer em território tomado por Israel durante a guerra de 1967.

Bolsonaro afirmou que o ponto máximo da visita a Israel, que se encerra na quarta-feira, foi uma aproximação com o governo israelense, em especial com o primeiro-ministro Netanyahu, com quem visitou na véspera o Muro das Lamentações, o local de oração mais sagrado do judaísmo.

Relação com árabes

Nesta terça-feira, o porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, disse que Bolsonaro está disposto a receber diplomatas de países árabes e do entorno, em especial devido às relações de comércio "muito intensas" do Brasil com o mundo árabe.

"É muito importante que tenhamos relações comerciais com um amplo espectro de países. Nós sabemos que as questões dos países árabes estão relacionadas com o ministério da ministra Tereza Cristina (Agricultura). Temos como uma das nossas principais pautas do mercado a venda externa àquela área", afirmou.

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