Morte de juiz símbolo da luta contra máfia italiana completa 20 anos

O juiz italiano Giovanni Falcone dedicou sua vida a combater a máfia na região da Sicília, onde atuava. Sua cruzada foi interrompida há 20 anos - em 23 de maio de 1992 - quando o carro em que estavam ele, sua esposa e guarda-costas foi explodido em um atentado criminoso. Esse "servidor do Estado" - como gostava de se descrever - deixou um legado duradouro ao sistema judiciário mundial. Clique na seta acima e conheça a história de Falcone

No início dos anos 1970, Falcone (E) começou a lidar com casos envolvendo o crime organizado. Seu trabalho foi considerado revolucionário por permitir a dissolução do mito que envolvia a estrutura e a cultura mafiosas. Com ele, trabalhava o também juiz Paolo Borsellino (D), assassinado no mesmo ano - e da mesma forma - que Falcone

Na Itália, os anos 1980 foram marcados pelo assassinato de policiais e juízes por mafiosos - como Cesare Terranova, Rocco Chinnici, Emanuele Basile, Giuseppe Montana - em especial, na Sicília, onde o tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e corrupção dominavam a economia

Eventualmente, Falcone perdeu apoio e passou a contar com pouca cooperação do governo e da Justiça - apesar de ser considerado um herói por muitos. Em 1992, a caminho do aeroporto de Palermo (que hoje leva seu nome e o de Borsellino), seu carro explodiu ao passar por um local onde a máfia havia plantado explosivos

Durante as décadas de 1970 e 1980, época de atuação de Falcone, os órgãos legais espalhados pelo mundo não trabalhavam juntos, como acontece atualmente. O juiz acreditava que combater organizações criminosas como a máfia requeria solidariedade e trabalho em grupo

Falcone colaborava com investigações envolvendo criminosos em outros países. Seu apoio a autoridades americanas levou à identificação de mafiosos italianos que agiam nos Estados Unidos. Seus esforços ajudaram a Justiça americana a combater importantes criminosos no julgamento que ficou conhecido como Pizza Connection, entre outros

Em uma era de crime organizado e terrorismo internacional, o legado de Falcone permanece ativo nas conexões de cooperação global estabelecidas entre as polícias de todo o mundo. Sua atuação na Sicília levou à prisão de líderes da máfia e no enfraquecimento do poder criminoso

Por nutrir a esperança de que a Justiça e a aplicação da lei prevaleceriam sobre o crime e o terrorismo, Falcone é ainda hoje considerado um ícone. Na foto, italianos homenageiam o juiz nos 15 anos de sua morte, em 2007

Falcone era tido como uma lenda siciliana - algo de que o juiz discordava respeitosamente. Ele respondia: "não sou Robin Hood. Sou apenas um servidor do Estado em território hostil". Na foto, o papa Bento XVI reza no monumento erguido em memória a Giovanni Falcone

"Aquele que silencia e abaixa a cabeça morre a cada vez que é intimidado. Aquele que fala alto e caminha com a cabeça erguida morre apenas uma vez", afirmou Giovanni Falcone