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Moção contra racismo e antissemitismo divide Parlamento italiano

Texto é assinado por senadora sobrevivente de Auschwitz

1 nov 2019 - 17h43
(atualizado às 17h55)
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A coalizão conservadora, liderada pelo ex-ministro do Interior Matteo Salvini, se absteve em uma votação no Senado para criar uma comissão especial de combate ao racismo, ao antissemitismo e à instigação ao ódio.

Liliana Segre, sobrevivente de Auschwitz, propôs comissão de combate a instigação ao ódio
Liliana Segre, sobrevivente de Auschwitz, propôs comissão de combate a instigação ao ódio
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

A medida foi proposta na última quarta-feira (30) pela senadora vitalícia Liliana Segre, sobrevivente do campo de extermínio nazista de Auschwitz e até hoje alvo de ataques antissemitas nas redes sociais.

A moção que cria a comissão recebeu 151 votos a favor e nenhum contrário, mas 98 senadores se abstiveram e evitaram uma decisão unânime do Parlamento. O "boicote" foi promovido pelos partidos de extrema direita Liga, do também senador Salvini, e Irmãos da Itália (FdI), de Giorgia Meloni, e pelo conservador Força Itália (FI), de Silvio Berlusconi.

"Esperava que o Senado encontrasse uma sintonia geral em uma questão sobre ódio", lamentou Segre. Ao ser questionado sobre a abstenção, Salvini disse que a Liga é "contra o racismo, a violência, o ódio e o antissemitismo sem 'se' e sem 'mas'". "Mas não queríamos que alguns na esquerda passassem como racismo aquilo que para nós é o princípio de 'os italianos em primeiro lugar'", acrescentou.

O ex-ministro também afirmou que quer combater "ideias fora de lugar", mas não deseja "mordaças e um estado policial que remetam a [George] Orwell", em referência ao livro "1984". Já o FdI criticou citações ao nacionalismo e ao etnocentrismo na moção.

Berlusconi, presidente do FI, se disse "liberal" e "contrário ao excesso de legislação sobre crimes de opinião".

Críticas

Por outro lado, a presidente da Comunidade Hebraica de Roma, Ruth Dureghello, chamou a abstenção da direita de "desconcertante, errada e perigosa". "Em um momento como esse, precisamos de união e não podemos deixar espaço para a ambiguidade", declarou.

O cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, também se disse "preocupado". "Existem algumas coisas e alguns valores fundamentais em torno dos quais devemos ficar unidos", afirmou o segundo na hierarquia do Vaticano.

Ansa - Brasil   
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