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Merkel pode vencer eleição na Alemanha, mas perder o ministro das Finanças

21 jul 2017 - 09h27
(atualizado às 09h33)
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Wolfgang Schaeuble venceu eleições parlamentares uma dezena de vezes, sobreviveu a uma tentativa de assassinato e guiou Angela Merkel durante a crise da zona do euro. Agora, a chanceler alemã poderá ter que sacrificá-lo para garantir um acordo de coalizão.

Chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e ministro de Finanças alemão, Wolfgang Schaeuble, durante debate no Parlamento, em Berlim  01/07/2015 REUTERS/Fabrizio Bensch
Chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e ministro de Finanças alemão, Wolfgang Schaeuble, durante debate no Parlamento, em Berlim 01/07/2015 REUTERS/Fabrizio Bensch
Foto: Reuters

Os conservadores de Merkel provavelmente vencerão as eleições nacionais de 24 de setembro, mas a falta de uma maioria consolidada deve forçá-los a continuar sua aliança com o partido social-democrata (SPD), de centro-esquerda.

Os líderes do SPD, no entanto, dizem que seu preço para uma reedição da atual "grande coalizão" seria Schaeuble desocupar o ministério das Finanças e passar o cargo a eles.

Schaeuble personifica a disciplina fiscal e a estabilidade financeira que muitos alemães desejam. Mas, para o SPD, ele vai longe demais.

Para os adversários políticos de Merkel, a ênfase de Schaeuble para a Alemanha e outros países da UE aderirem às regras orçamentárias da Europa pode negar ao presidente francês, Emmanuel Macron, a flexibilidade para reviver a economia de seu país.

A Alemanha está bem provida de receitas fiscais, mas a França está em uma situação mais apertada. O SPD preocupa-se com a insistência na disciplina fiscal francesa, que pode não dar a Macron a margem de manobra necessária para promover o crescimento. Se Macron falhar, a preocupação do SPD é que a UE falhará ou que a líder da extrema-direita, Marine Le Pen, chegue ao poder.

O ministro de Relações Exteriores alemão, Sigmar Gabriel, do SPD, disse ter perguntado a Merkel qual cenário, em sua opinião, seria mais caro para a Alemanha: um déficit orçamentário ligeiramente superior na França ou Le Pen como presidente por cinco anos.

"Nós, alemães, devemos mudar nossa posição", disse Gabriel.

Uma flexibilização da abordagem de Schaeuble para a zona do euro não iria cair bem para muitos alemães. Na região de Baden-Wuerttemberg onde nasceu, em que o trabalho árduo e a poupança são uma forma de vida, Schaeuble é cultuado.

Na opinião dele, os governos devem parar de acumular dívidas para que os futuros políticos ainda tenham algum dinheiro para gastar.

Em uma cadeira de rodas desde que sofreu um atentado a tiros em um evento de campanha eleitoral alguns dias após a reunificação alemã em 1990, Schaeuble vive para o cargo e já sinalizou sua vontade de permanecer na política.

"Estou pronto para continuar", disse aos eleitores em Sasbachwalden, sua cidade natal perto da fronteira francesa.

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