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Manifestantes de Mianmar tentam impedir envio de ajuda a muçulmanos rohingyas

21 set 2017 - 09h37
(atualizado às 10h16)
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Manifestantes budistas de Mianmar atiraram coquetéis molotov para tentar impedir o envio de um carregamento de ajuda humanitária a muçulmanos rohingyas no Estado de Rakhine, onde a Organização das Nações Unidas (ONU) acusou os militares do país de promoverem um limpeza étnica.

Mulher reage enquanto refugiados rohingya recebem ajuda humanitária em Cox's Bazar, Bangladesh 21/09/2017 REUTERS/Cathal McNaughton
Mulher reage enquanto refugiados rohingya recebem ajuda humanitária em Cox's Bazar, Bangladesh 21/09/2017 REUTERS/Cathal McNaughton
Foto: Reuters

Centenas de manifestantes se envolveram no esforço para impedir que funcionários da Cruz Vermelha carregassem um barco com suprimentos de ajuda, até a polícia atirar para o alto para dispersá-los.

O incidente da noite de quarta-feira refletiu a animosidade crescente e coincidiu com o momento em que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu um final aos episódios de violência, que causaram preocupação a respeito da transição democrática de Mianmar.

O carregamento de ajuda partiria para o norte de Rakhine, onde ataques de insurgentes rohingyas em 25 de agosto provocaram uma repressão militar.

A violência forçou mais de 420 mil muçulmanos rohingyas a fugirem para a vizinha Bangladesh, mas muitos permanecem em Mianmar, escondendo-se por puro medo e sem alimento e outros suprimentos, disseram agentes humanitários.

Várias centenas de pessoas tentaram deter um barco carregado com cerca de 50 toneladas de auxílio em um cais de Sittwe, a capital de Rakhine, segundo o escritório de informação do Estado.

"As pessoas pensaram que a ajuda era só para os bengalis", disse o secretário do governo estadual, Tin Maung Swe, à Reuters, usando um termo que os rohingyas consideram ofensivo.

Os manifestantes, alguns empunhando varas e barras de metal, atiraram coquetéis Molotov, e cerca de 200 policiais foram obrigados a dispersá-los disparando para o alto, relataram uma testemunha e o escritório de informação do governo.

A testemunha disse ter visto algumas pessoas feridas. Oito pessoas foram detidas, segundo o escritório de informação. Nenhum dos agentes humanitários ficou ferido, disse uma porta-voz do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV).

A tensão entre a maioria budista e os rohingyas, a maioria dos quais não tem direito à cidadania, é latente há décadas em Rakhine, mas degenerou em violência várias vezes nos últimos anos, quando antigas inimizades vieram à tona ao final de décadas de controle militar.

Os confrontos mais recentes começaram em agosto, quando insurgentes rohingyas atacaram cerca de 30 postos da polícia e um acampamento do Exército, matando cerca de 12 pessoas.

O governo de Mianmar afirma que mais de 400 pessoas, a maioria insurgentes, foram mortas desde então.

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