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Líder do Parlamento britânico anuncia renúncia e critica Johnson

John Bercow chamou abordagem do governo de "destrutiva"

9 set 2019 - 12h43
(atualizado às 14h13)
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O presidente da Câmara dos Comuns do Reino Unido, John Bercow, anunciou nesta segunda-feira (9) que deixará o cargo em caso de eleições antecipadas ou após o prazo final do "Brexit", marcado para 31 de outubro.

John Bercow preside a Câmara dos Comuns há 10 anos
John Bercow preside a Câmara dos Comuns há 10 anos
Foto: EPA / Ansa - Brasil

Em declaração lida no Parlamento, Bercow criticou a linha adotada pelo primeiro-ministro Boris Johnson no processo de saída da União Europeia e chamou a suspensão das atividades legislativas de "destrutiva".

O presidente da Câmara é egresso do Partido Conservador, liderado por Johnson, e adquiriu papel de destaque como moderador dos acalorados debates sobre o Brexit no Parlamento. Seus repetidos gritos de "order!" ("ordem") já viraram símbolo da crise política no Reino Unido.

Seu pronunciamento, feito em tom bastante emotivo, foi ovacionado pela oposição e recebido com rostos tensos pelos governistas. Bercow preside a Câmara desde junho de 2009 e, em seu discurso, ressaltou o papel do poder Legislativo.

"Os parlamentares não são delegados, mas sim representantes do povo. Degradar o Parlamento é um perigo", advertiu. No último sábado (7), o governo Johnson já havia sofrido um golpe com a renúncia da secretária do Trabalho Amber Rudd, também insatisfeita com a "linha dura" do primeiro-ministro.

Suspensão

A suspensão do Parlamento pedida por Johnson à rainha Elizabeth II entra em vigor após o fim da sessão desta segunda-feira e valerá até 14 de outubro.

A medida foi tomada pelo governo para inviabilizar a aprovação de leis contra o Brexit, mas a oposição se articulou com dissidentes conservadores para passar um projeto que força Johnson a pedir um adiamento da saída da UE caso não chegue a um acordo com o bloco até 19 de outubro. O texto foi sancionado por Elizabeth II nesta segunda.

O premier, que tentou convocar novas eleições para 15 deste mês, aposta que conseguirá renegociar o tratado de retirada na próxima reunião do Conselho Europeu, em 17 e 18 de outubro, mas Bruxelas já disse inúmeras vezes que não reabrirá as tratativas.

Impasse

Um dos principais pontos de discórdia do tratado entre Londres e Bruxelas é o chamado "backstop". Esse mecanismo prevê a manutenção de fronteiras abertas entre Irlanda do Norte, território britânico, e República da Irlanda, Estado-membro da UE, caso o Reino Unido e o bloco não concluam um acordo comercial no período de transição.

Os grupos pró-Brexit temem que isso crie uma espécie de fronteira dentro do próprio Reino Unido e acusam Bruxelas de tentar anexar informalmente uma parte do território britânico. Por outro lado, o tratado que pacificou as Irlandas prevê fronteiras abertas para evitar o ressurgimento da violência separatista.

Johnson chama o backstop de "monstruosidade" que tira a "soberania" britânica e exige sua remoção do acordo com a União Europeia.

Ansa - Brasil   
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