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Mundo

Jornalistas protestam contra ataques do M5S na Itália

Expoentes da sigla chamaram repórteres de "abutres" e "vendidos"

13 nov 2018 - 12h47
(atualizado às 12h53)
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Centenas de jornalistas saíram às ruas de dezenas de cidades da Itália nesta terça-feira (13) para protestar em defesa da liberdade de imprensa, após os ataques aos veículos de comunicação feitos por expoentes do partido antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), que governa o país.

Manifestação de jornalistas em Roma, capital da Itália
Manifestação de jornalistas em Roma, capital da Itália
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

As principais manifestações aconteceram em Roma e Milão, mas atos foram registrados de norte a sul da península, incluindo as cidades de Bolonha, Cagliari, Florença, Gênova, Nápoles, Perúgia, Turim, Trieste e Veneza.

Os protestos foram convocados pela Federação Nacional de Imprensa e representam a maior reação até agora à postura agressiva do M5S. No último fim de semana, após a prefeita de Roma, Virginia Raggi, ter sido absolvida em um julgamento por falso testemunho, expoentes do partido voltaram suas armas contra a mídia.

O ministro do Trabalho e vice-premier da Itália, Luigi Di Maio, líder do M5S, culpou a imprensa pelos problemas judiciários de Raggi e chamou jornalistas de "abutres". Além disso, os acusou de "tentarem convencer o movimento a abandonar" a prefeita com "insinuações ridículas" - o código de conduta do partido prevê a demissão de condenados em primeira instância.

Já o ex-deputado Alessandro Di Battista, uma das figuras mais populares do M5S, qualificou jornalistas como "putas" e "vendidos". "Eles não se prostituem por necessidade, apenas por covardia", declarou. Di Maio e Di Battista não citaram nenhum nome.

Semanas antes, o vice-premier já havia ameaçado cortar anúncios de empresas públicas em jornais que publicaram críticas ao governo. "Há um ar de antiliberdade, estamos em uma democracia antiliberal, antecâmara da ditadura, se continuar assim", alertou o ex-premier Silvo Berlusconi.

Já a senadora vitalícia Liliana Segre, sobrevivente do Holocausto, afirmou que, em um país "democrático", a imprensa deve ser "livre". Em meio às manifestações desta terça, Di Maio publicou um vídeo no Facebook afirmando que a liberdade de informação é "sagrada", mas a "liberdade de imprensa não pode significar dizer mentiras".

"Se há a liberdade de contar mentiras, eu tenho o direito de me defender", declarou o vice-premier, sem explicitar quais mentiras o teriam atingido. Já Di Battista denunciou um movimento "corporativista, pueril, patético e hipócrita".

O M5S já chegou até a propor a abolição da Ordem dos Jornalistas, que representa e protege a categoria.

Ansa - Brasil   
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