PUBLICIDADE

Mundo

Italianos aprovam reforma que elimina 345 parlamentares

"Sim" venceu referendo constitucional com quase 70% dos votos

21 set 2020 - 14h43
(atualizado às 14h58)
Compartilhar
Exibir comentários

Na primeira eleição no país após o início da pandemia do novo coronavírus, os italianos disseram "sim" a uma reforma constitucional que reduz o número de parlamentares eleitos dos atuais 945, recorde na União Europeia, para 600.

Plenário da Câmara dos Deputados da Itália, em Roma
Plenário da Câmara dos Deputados da Itália, em Roma
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

O referendo começou às 7h da manhã (horário local) de domingo (20) e terminou às 15h desta segunda-feira (21), simultaneamente às eleições para governador e prefeito em sete regiões e quase mil municípios da Itália.

Com 59,2 mil seções eleitorais apuradas (de um total de 62,3 mil), o resultado mostra uma vitória do "sim" com 69,71% dos votos, contra 30,29% do "não", confirmando o resultado das pesquisas.

Com isso, o número de parlamentares no país cairá de 945 (630 deputados e 315 senadores) para 600 (400 deputados e 200 senadores), desconsiderando os cinco senadores vitalícios nomeados por presidentes da República.

O corte, que valerá apenas a partir das próximas eleições legislativas, também afetará os parlamentares italianos eleitos no exterior, que passarão de 18 (12 deputados e seis senadores) para 12 (oito deputados e quatro senadores).

Atualmente, a América do Sul elege quatro deputados e dois senadores para o Parlamento da Itália, mas a nova distribuição ainda não foi definida.

"O resultado de hoje é histórico. Voltaremos a ter um Parlamento normal, com 345 poltronas a menos. É a política dando um sinal aos cidadãos", disse o ministro das Relações Exteriores da Itália, Luigi Di Maio, ex-líder do antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S) e um dos principais cabos eleitorais da reforma.

Já o líder do centro-esquerdista Partido Democrático (PD) e governador do Lazio, Nicola Zingaretti, declarou estar "satisfeito". "Foi confirmado que o PD fez a escolha certa, agora avancemos com as reformas", ressaltou.

O partido era contra a redução do Parlamento, mas mudou de ideia após se aliar ao M5S no governo. Em troca de seu apoio à reforma, o PD obteve do movimento antissistema a garantia de aprovar um novo sistema eleitoral que reflita a futura composição da Câmara dos Deputados e do Senado.

Apoio

Apesar da hesitação do PD, a reforma constitucional recebeu apoio explícito de todos os principais partidos italianos, o que é reflexo de sua tramitação no Parlamento.

Bandeira do M5S, o projeto precisava de quatro aprovações, sendo duas na Câmara e duas no Senado: as três primeiras ocorreram durante o governo do movimento com a ultranacionalista Liga, mas a quarta e última chegou apenas depois do rompimento da coalizão, quando o PD substituiu o partido de Matteo Salvini na aliança.

A Itália é hoje o país que mais elege parlamentares pelo voto direto em toda a União Europeia, com 945. Quando também se leva em conta as câmaras não eletivas, o Reino Unido assume a liderança, com 1.430. Já considerando o tamanho da população, a Itália tem hoje um parlamentar eleito para cada 64 mil habitantes.

Todos os outros Estados-membros da UE com mais de 30 milhões de habitantes apresentam relações de representatividade maiores que a da Itália: Alemanha (um parlamentar eleito para cada 117 mil habitantes), França (um para cada 116 mil), Reino Unido (um para cada 102 mil), Espanha (um para cada 84 mil) e Polônia (um para cada 68 mil).

Com a reforma, a Itália passará a ter 600 parlamentares eleitos, o que a deixará terceiro lugar no ranking da UE em números absolutos, atrás de Alemanha (709) e Reino Unido (650), e uma relação de um para cada 101 mil habitantes.

Os apoiadores da reforma estimam que a economia com a redução do número de parlamentares será de 100 milhões de euros por ano, o que representa 1,65 euro por cada habitante da Itália.

Ansa - Brasil   
Compartilhar
Publicidade
Publicidade