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Itália permite desembarque de migrantes, mas confisca navio

Veleiro forçou o acolhimento de 41 pessoas resgatadas na Líbia

7 jul 2019 - 12h02
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O governo da Itália autorizou na manhã deste domingo (7) o desembarque dos 41 imigrantes a bordo do veleiro "Alex", da ONG italiana Mediterranea, resgatados na última quinta-feira (4), mas confiscou a embarcação após o capitão ter infringido a lei que proíbe atracar nos portos do país. Ontem (6), o barco forçou a entrada no porto de Lampedusa alegando que não haviam mais "condições higiênicas" toleráveis a bordo, dada a falta de instalações para comportar os migrantes e a tripulação.

    A embarcação foi recebida por diversos navios militares italianos, o que foi, inclusive, anunciado pelo vice-premier e ministro da Itália, Matteo Salvini. "O navio dos centros sociais (coletivos de esquerda), que neste momento já teria chegado a Malta, que oferecia um porto seguro, infringe a lei, ignora proibições e entra em águas italianas. As forças da ordem estão preparadas para intervir", declarou.

    Apesar de Salvini ter prometido anteriormente que não permitiria o desembarque, os migrantes pisaram no território italiano depois de ficarem quase seis horas a bordo do barco atracado em Lampedusa. A medida só foi aprovada por conta da apreensão "penal preventiva" do veleiro e de uma investigação aberta contra a tripulação. Por volta da meia-noite, as autoridades da Guarda de Finanças da Itália chegaram a bordo do Alex para realizar uma vistoria e anunciar que estavam apreendendo o navio e abrindo um inquérito contra o capitão por favorecimento à imigração ilegal.

    Segundo Salvini, o barco de resgate não estava em dificuldades e, portanto, não precisava atracar na Itália, o que foi "uma das muitas mentiras das ONGs de esquerda".

    "Quem quer que diga que esse bote não estava em apuros deveria vir e ver por si mesmo. Como você pode ser tão cínico? Eu gostaria que você estivesse na frente de um bote com 50 pessoas com crianças, algumas delas muito pequenas", rebateu a porta-voz da ONG Mediterranea, Alessandra Sciurba.

    Em uma publicação no Twitter, o chefe da missão, Erasmo Palazzotto, publicou uma imagem do desembarque dos migrantes, que foram resgatados ao norte da Líbia.

    Esta é a segunda vez que uma embarcação humanitária desafia a política anti-imigração de Salvini, depois do caso da ONG alemã Sea Watch, da capitã Carola Rackete. A Itália tem sido um dos principais destinos dos migrantes que tentam chegar à Europa através da rota do Norte da África, principalmente da Líbia.

    Salvini, do partido ultranacionalista Liga, endureceu as políticas migratórias do país e se tornou a figura mais popular do governo, embora já tenha sido acusado de sequestro e abuso de poder ao bloquear navios de migrantes na costa italiana. Uma pesquisa publicada no jornal italiano Corriere Della Sera, neste sábado, revelou que 59% dos italianos aprovam o fechamento dos portos da Itália para embarcações administradas por ONGs.

    No mês passado, Salvini ainda aprovou novas leis que acarretam em multas de até 50 mil euros para quem infringir a política de portos fechados.

Ansa - Brasil   
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