Itália estuda nacionalizar maior siderúrgica da Europa
ArcelorMittal anunciou decisão de saír do país
O primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, admitiu nesta quinta-feira (7) que o governo estuda nacionalizar a ArcelorMittal no país para evitar o fim das atividades no maior complexo siderúrgico da Europa.
Fundada com o nome de Ilva, em 1905, a empresa foi vendida no fim de 2018 para a ArcelorMittal, após uma intervenção do governo. Seu objetivo era modernizar o sistema produtivo da siderúrgica e adequá-la às normas ambientais atuais, mas agora a multinacional diz que não quer mais o negócio.
"Estamos avaliando todas as alternativas possíveis, mas agora não tem sentido falar disso. Espero uma proposta do senhor [Lakshmi] Mittal e gostaria de encontrá-lo", disse Conte no programa "Porta a Porta", ao ser questionado se o governo considerava nacionalizar a ex-Ilva.
A decisão da ArcelorMittal de se retirar da Itália coloca em risco 10,7 mil postos de trabalho, sendo 8,2 mil apenas na unidade de Taranto, o maior complexo siderúrgico da Europa. A cidade fica na região da Puglia, no sul do país, que já sofre com taxas de desemprego acima da média nacional.
A multinacional usa como justificativa para a desistência a decisão do Parlamento de revogar o "escudo penal" que permitia que a ex-Ilva continuasse poluindo acima dos níveis permitidos até que se adequasse às normas atuais.
O governo, no entanto, alega que a ArcelorMittal está usando o "escudo penal" como álibi para se desfazer de um negócio que não parece mais tão lucrativo. Em uma reunião em Roma na última quarta (6), a multinacional propôs demitir 5 mil pessoas para manter a ex-Ilva em funcionamento.
Para ficar na Itália, a ArcelorMittal também exige reduzir a produção de seis para quatro milhões de toneladas por ano. Conte, por sua vez, afirmou que as condições impostas pela empresa são "inaceitáveis". "Não se pode assinar um acordo e rasgá-lo depois de 10 meses. Aquela empresa [ArcelorMittal] nunca teve a intenção de produzir", reforçou o ministro do Desenvolvimento Econômico da Itália, Stefano Patuanelli.
Em uma conferência com analistas nesta quinta, Lakshmi Mittal, CEO da multinacional, disse que o mercado está "difícil", com o preço do aço "em baixa" e custos de matéria-prima "elevados". "Nossa prioridade é reduzir as despesas", acrescentou.
Os sindicatos farão uma greve de 24 horas em todas as unidades da ArcelorMittal na Itália nesta sexta-feira (8).