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Mundo

Itália abre inquérito contra capitã de navio de migrantes

Carola Rackete é suspeita de favorecer imigração clandestina

28 jun 2019 - 12h29
(atualizado às 12h41)
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O Ministério Público de Agrigento, no sul da Itália, abriu nesta sexta-feira (28) um inquérito contra a capitã do navio Sea Watch 3, a alemã Carola Rackete, por suspeita de favorecimento à imigração clandestina e recusa a obedecer um navio de guerra.

A embarcação resgatou 53 pessoas no Mediterrâneo Central, a 47 milhas náuticas da costa da Líbia, em 12 de junho e entrou em águas territoriais italianas sem autorização, crime passível de multa de até 50 mil euros, segundo um decreto editado recentemente pelo ministro do Interior Matteo Salvini.

O navio, pertencente à ONG alemã Sea Watch e com registro na Holanda, está a uma milha do porto de Lampedusa, ilha italiana situada a cerca de 100 quilômetros do norte da África, e ainda carrega 40 migrantes, já que 13 tiveram permissão para desembarcar por motivos médicos.

"Enfrentarei tudo com o suporte dos advogados da Sea Watch, mas agora quero apenas as pessoas em terra firme", disse Rackete. O navio também foi alvo de uma operação da Guarda de Finanças, que apreendeu documentos e vídeos feitos pela ONG. Existe a possibilidade de a embarcação ser sequestrada.

Salvini exige que os países da União Europeia cheguem a um acordo para redistribuir os migrantes antes de permitir o desembarque, mas Bruxelas afirma que primeiro é preciso fazê-los sair do navio.

Em Osaka, no Japão, para a cúpula do G20, o primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, teve uma longa reunião com o premier da Holanda, Mark Rutte, para tentar resolver o impasse. Segundo Conte, "três ou quatro países" já se ofereceram para receber os deslocados internacionais. Um deles é a Finlândia, que disponibilizou oito postos.

"O comportamento do governo da Holanda é desgostoso, não dá a menor importância a um navio que tem bandeira holandesa. Escrevi ao ministro do Interior da Holanda, sem ter sequer um traço de resposta", criticou Salvini.

Números

Uma comparação do último relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) com índices populacionais compilados pelo Banco Mundial mostra que a Itália é o 12º Estado-membro da União Europeia que mais abriga deslocados internacionais em termos relativos.

O país acolhe atualmente 294.867 refugiados e solicitantes de refúgio, o que equivale a 0,48% de sua população. Esse índice a deixa atrás de Suécia (2,84%), Malta (2,23%), Áustria (1,88%), Chipre (1,80%), Alemanha (1,73%), Grécia (1,27%), Dinamarca (0,68%), França (0,68%), Holanda (0,66%), Luxemburgo (0,59%) e Bélgica (0,54%).

Apesar de ser uma grande porta de entrada para deslocados internacionais na UE, a Itália acaba servindo apenas de passagem para essas pessoas, que frequentemente tentam seguir viagem para o norte da Europa.

Ansa - Brasil   
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