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Irlanda diz que negociações do Brexit não podem avançar sem clareza sobre fronteira

27 out 2017 - 09h24
(atualizado às 09h27)
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As conversas sobre a saída do Reino Unido da União Europeia não podem progredir para cobrir as relações comerciais futuras, como Londres quer, antes que o governo britânico esclareça melhor o que acontecerá com a fronteira com a Irlanda, disse o ministro das Relações Exteriores irlandês, Simon Coveney, nesta sexta-feira.

Ministro das Relações Exteriores irlandês, Simon Coveney, durante reunião em Tallinn, na Estônia 07/09/2017 REUTERS/Ints Kalnins
Ministro das Relações Exteriores irlandês, Simon Coveney, durante reunião em Tallinn, na Estônia 07/09/2017 REUTERS/Ints Kalnins
Foto: Reuters

A fronteira com a Irlanda do Norte, que será a única divisa terrestre do Reino Unido com a UE após sua separação, é uma de três questões que Bruxelas quer resolver definitivamente antes de as negociações comerciais começarem, o que não ocorrerá antes de dezembro.

"Na questão da fronteira, lamento, mas precisamos de mais clareza do que temos agora. Não podemos ir adiante para a fase dois contando com uma promessa que não vemos nenhum mecanismo de cumprimento para tornar realidade", disse Coveney em uma coletiva de imprensa.

"Não precisamos de todas as respostas, mas certamente precisamos ter mais garantias do que temos hoje e precisamos de algum entendimento de que, se as negociações comerciais fracassarem, o que pode acontecer, as questões irlandesas ainda serão resolvidas e priorizadas".

Com laços comerciais estreitos com o Reino Unido, a Irlanda é considerada o membro da UE que corre mais riscos quando o vizinho deixar o bloco. Isso significa que ela precisa se planejar "para todas as eventualidades", o que já está fazendo, afirmou o chanceler.

A Irlanda pediu ao Reino Unido e à UE que criem uma parceira alfandegária sob medida para eliminarem o risco de uma devolução de fronteira "dura" entre o país e a Irlanda do Norte - até o acordo de paz de 1998 a fronteira era separada por postos de verificação militar devido a 30 anos de violência sectária na província.

Mas Dublin quer que Londres se comprometa com um plano alternativo, incluindo possíveis arranjos especiais para a Irlanda do Norte, para evitar uma fronteira alfandegária caso o plano britânico de manter os laços mais próximos possíveis com a UE fracasse.

Se estas garantias forem concedidas, a Irlanda "provavelmente será a amiga mais próxima" do Reino Unido nas conversas comerciais, disse Coveney.

"Não tenho certeza de que esta visão é necessariamente compartilhada por muitos outros Estados-membros. A ideia de que o Reino Unido pode esperar que a equipe de negociação da UE vá ser flexível de qualquer maneira significativa, acho que não é realista", opinou.

"Embora o Reino Unido esteja muito concentrado no Brexit - é uma manchete por dia, como é na Irlanda -, não é igual na maioria dos outros países, e acho que existe a necessidade de uma dose de realidade neste contexto".

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