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Instituto russo para de publicar pesquisas pré-eleitorais por conta de temores de fechamento

16 jan 2018 - 12h11
(atualizado às 12h29)
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O único grande instituto de pesquisas independente da Rússia, o Levada Center, disse nesta terça-feira que parou de publicar pesquisas de opinião sobre a próxima eleição presidencial porque teme que autoridades possam fechá-lo por suposta interferência.

Cartaz de campanha do presidente da Rússia, Vladimir Putin, para a reeleição, é visto em Moscou 15/01/2018 REUTERS/Sergei Karpukhin
Cartaz de campanha do presidente da Rússia, Vladimir Putin, para a reeleição, é visto em Moscou 15/01/2018 REUTERS/Sergei Karpukhin
Foto: Reuters

A decisão, que o Kremlin posteriormente endossou como um passo necessário para o cumprimento da lei, irá reduzir informações de fontes abertas sobre sentimento público antes da eleição de 18 de março, que pesquisas de opinião sugerem que o atual presidente, Vladimir Putin, que é apoiado pela TV estatal e pelo partido governista, irá vencer confortavelmente.

O Levada é classificado como um dos três principais institutos de pesquisa da Rússia e o único que não está próximo das autoridades. Mas o instituto foi oficialmente designado como "um agente estrangeiro" em 2016 por conta de seus financiamentos, uma ação que o instituto e outros disseram ter sido feita para prejudicá-lo.

Entre os outros institutos de pesquisa estão o VTsIOM, que é propriedade do Estado, e o FOM, que se separou do VTsIOM na década de 1990 e fornece diversas pesquisas para o governo russo.

Stepan Goncharov, sociólogo do Levada, disse à Reuters que sua organização decidiu suspender a publicação de pesquisas de opinião pré-eleitorais por conta de sua designação como "um agente estrangeiro".

Lev Gudkov, diretor do Levada, foi citado no jornal Vedomosti afirmando que o instituto enfrentaria multas ou até mesmo o fechamento se acusado de quebrar a lei de agentes estrangeiros e se engajamento em política.

"Nós estamos tentando entender nossa situação", disse Goncharov. Segundo ele, o Levada irá continuar realizando pesquisas pré-eleitorais, mas não irá publicá-las "por ora", ficando isso pendente de consultas aos advogados.

Pesquisas podem ser publicadas após a eleição, disse.

Embora haja pouco suspense sobre o resultado da eleição de março, na qual Putin é visto vencendo confortavelmente, há grande interesse no comparecimento de eleitores, com relatos da mídia dizendo que o Kremlin quer garantir que Putin seja reeleito com um comparecimento de cerca de 70 por cento, porque acredita que um comparecimento alto daria maior legitimidade a Putin.

O assunto se tornou politizado porque o líder da oposição, Alexei Navalny, que foi impedido de concorrer contra Putin pelo que diz ser uma condenação forjada, lançou uma campanha com objetivo de diminuir o comparecimento às urnas.

O Levada, citando sua própria pesquisa, disse anteriormente que menos de um terço dos russos disseram que irão com certeza votar, enquanto a estatal VTsIOM relatou que essa taxa era de 70 por cento.

Quando questionado sobre a decisão do Levada de parar de publicar pesquisas pré-eleitorais, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse a repórteres que o Levada foi deixado com poucas escolhas.

"O Levada é uma grande organização que possui autoridade, mas, infelizmente, com base na lei, é um agente (estrangeiro)... e não será capaz de realizar sua linha de trabalho", disse Peskov.

A lei de agente estrangeiro tem o objetivo de impedir outros países de interferirem nas políticas russas, algo que Putin diz que serviços estrangeiros da inteligência estão tentando fazer.

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