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Impeachment de Trump: presidente envia carta furiosa à presidente da Camara, Nancy Pelosi

Presidente redigiu carta de seis páginas para condenar processo de impeachment, acusando parlamentar Nancy Pelosi de 'declarar guerra à democracia'.

18 dez 2019 - 06h59
(atualizado às 08h16)
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Trump foi convidado a prestar depoimento na Câmara de Representantes, mas recusou
Trump foi convidado a prestar depoimento na Câmara de Representantes, mas recusou
Foto: AFP / BBC News Brasil

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, descarregou sua fúria em relação ao processo de impeachment contra ele em uma carta à líder democrata, Nancy Pelosi, acusando a presidente da Câmara de Representantes de declarar "guerra aberta à democracia americana".

A votação do impeachment de Trump, acusado de pressionar a Ucrânia para obter ganhos políticos pessoais, está prevista para esta quarta-feira na Câmara.

A expectativa é de que o impeachment seja aprovado, uma vez que a oposição tem maioria na Casa.

Se isso acontecer, o processo segue para julgamento do Senado, onde os republicanos contam com ampla maioria, e a investigação pode ser barrada.

Com pouca esperança de alterar o resultado da votação na Câmara, Trump usou a carta de seis páginas para atacar o processo e denunciar Pelosi, que abriu o inquérito formal de impeachment contra ele em setembro.

Foi uma intervenção marcante do presidente, que resistiu ao processo de impeachment, impedindo que seus principais assessores testemunhassem perante a Câmara de Representantes.

O que Trump escreveu na carta?

Trump afirmou na carta que havia sido "privado de um processo constitucional básico desde o início desse golpe de impeachment" e "teve negado os direitos mais fundamentais previstos na Constituição, incluindo o direito de apresentar evidências".

"Um processo mais justo foi concedido até no julgamento das bruxas de Salem", escreveu.

Na verdade, Trump foi convidado publicamente pelo presidente do Comitê Judiciário da Câmara a depor no processo de impeachment, o que também teria permitido à sua equipe de advogados interrogar testemunhas, mas ele recusou.

A prefeita de Salem, Kim Driscoll, publicou no Twitter que o presidente deveria "aprender um pouco de história", afirmando que a condenação das bruxas foi feita mediante a ausência de provas, enquanto o processo contra o presidente envolvia "amplas evidências".

Pelosi disse a jornalistas no Capitólio que não havia lido a carta na íntegra, mas havia visto "a essência" dela e considerava "muito doentia".

Em comunicado anunciando a votação do impeachment nesta quarta-feira, ela afirmou que a Câmara "exerceria um dos poderes mais solenes que a Constituição nos concedeu".

"Neste momento da história da nossa nação, devemos honrar nosso juramento de apoiar e defender nossa Constituição de todos os inimigos, estrangeiros e domésticos", acrescentou.

Na noite de terça-feira, foram realizadas manifestações de apoio ao impeachment de Trump em várias cidades dos EUA, incluindo Nova York, Boston e Los Angeles.

Os manifestantes carregavam cartazes com dizeres como "Dump Trump" e "Protect our Democracy", que podem ser traduzidos respectivamente como "Jogue Trump fora" e "Protejam nossa Democracia".

As hashtags #notabovethelaw e #impeachmenteve — que querem dizer "não está acima da lei" e "véspera do impeachment" — estavam no topo das mais citadas no Twitter.

O que acontece nesta quarta?

Trump está enfrentando duas acusações de impeachment: obstrução do Congresso, por se recusar a cooperar com a investigação do impeachment, impedindo sua equipe de testemunhar e retendo provas documentais; e abuso de poder, por ter supostamente usado seu gabinete para pressionar a Ucrânia a investigar seu adversário democrata, Joe Biden, em troca de ajuda militar ao país.

Se a Câmara votar como esperado nesta quarta-feira, de acordo com as diretrizes partidárias, Trump será o terceiro presidente na história dos EUA a sofrer impeachment. Ele será então julgado no Senado, onde os parlamentares democratas e republicanos são obrigados a atuar como jurados independentes.

Mas, na semana passada, o líder republicano no Senado, Mitch McConnell, revoltou os democratas ao dizer que os senadores republicanos, que são maioria, agiriam em "total coordenação" com a equipe do presidente durante o julgamento e votariam contra o processo de impeachment.

"Se o impeachment for enviado ao Senado, todo senador fará um juramento para prestar 'justiça imparcial'. Garantir que o Senado conduza um julgamento justo e honesto que permita que todos os fatos apareçam é primordial", declarou Chuck Schumer, líder democrata no Senado.

Na terça-feira, o advogado pessoal de Trump, Rudy Giuliani, deu a entender que trabalhou para tirar do cargo a embaixadora dos EUA na Ucrânia, Marie Yovanovitch, no intuito de abrir caminho para investigações que poderiam ser politicamente úteis ao presidente.

Giuliani afirmou ao jornal americano New York Times que repassou a Trump "algumas vezes" informações sobre como Yovanovitch atrapalhou possíveis investigações.

"Precisava que Yovanovitch saísse do caminho", disse Giuliani à revista americana New Yorker.

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