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Homem é preso fugindo ao Brasil em caso sobre fundos da Liga

Luca Sostegni seria laranja de contador ligado ao partido

17 jul 2020 - 11h53
(atualizado às 12h47)
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A Guarda de Finanças da Itália prendeu na última quarta-feira (15), em Milão, um homem acusado de ser "laranja" em um esquema envolvendo pessoas relacionadas à Liga, partido de extrema direita liderado pelo senador Matteo Salvini.

Sede da Lombardia Film Commission, em Cormano, província de Milão
Sede da Lombardia Film Commission, em Cormano, província de Milão
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

Luca Sostegni, 62 anos, era liquidador de uma das empresas envolvidas no caso e foi detido com uma passagem aérea para o Brasil. Ele viajaria de ônibus para a Alemanha nesta sexta (17) e pegaria o voo no sábado (18).

O liquidador é acusado pelo Ministério Público de desviar fundos do governo regional da Lombardia, comandado pela Liga desde 2013, e de extorsão. Segundo o inquérito, ele teria inflado o preço de um galpão industrial em Cormano, perto de Milão, vendido por 800 mil euros para a Lombardia Film Commission, fundação de audiovisual constituída pelo governo da região e pela Prefeitura milanesa.

A investigação também mira três contadores ligados ao partido de Salvini e que teriam sido os idealizadores da operação: Michele Scillieri, um cujo escritório foi registrado o movimento "Lega per Salvini Premier", em 2017; Alberto Di Rubba, ex-presidente da Lombardia Film Commission e ex-revisor das contas da Liga na Câmara dos Deputados; e Andrea Manzoni, profissional de confiança do partido.

O imóvel em questão foi comprado pela Lombardia Film Commission em 2018, durante a gestão de Di Rubba, que usou na aquisição 800 mil do 1 milhão de euros repassado pelo governo lombardo. O galpão estava em nome da imobiliária Andromeda, que o comprara pela metade do preço da empresa Paloschi, da qual Sostegni era liquidador. A suspeita é de que este último seria laranja de Scillieri.

Parte da quantia, 260 mil euros, teria ido parar em uma conta da empresa Fidirev, que controlava a Futuro Partecipazione, companhia administrada por Scillieri e proprietária da imobiliária Andromeda.

A Guarda de Finanças está tentando reconstruir os fluxos financeiros ligados à compra do galpão para identificar os reais beneficiários dos 800 mil euros. Além disso, Sostegni é acusado de extorsão por ter pedido 50 mil euros a Di Rubba, Scillieri e Manzoni em troca de seu silêncio - ele teria recebido apenas 20 mil, segundo o inquérito.

Os suspeitos que aparecem no inquérito de Milão também são investigados pelo Ministério Público de Gênova, que tenta descobrir onde foram parar 49 milhões de euros desviados na década passada pela Liga, que já foi condenada a restituir o dinheiro, mas em prestações anuais de 600 mil euros, sem juros.

"Não faço julgamento sobre investigações, estou absolutamente tranquilo e não tenho medo de nada nem de ninguém", disse Salvini nesta sexta-feira, em Sorrento, ao ser questionado sobre o inquérito do MP de Milão.

Ansa - Brasil   
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