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Mundo

Hamas pede revolta palestina por decisão de Trump sobre Jerusalém; há protestos e confrontos

7 dez 2017 - 20h34
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O grupo islâmico Hamas defendeu nesta quinta-feira que os palestinos abandonem os esforços de paz e iniciem uma nova revolta contra Israel em resposta à decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de reconhecer Jerusalém como capital israelense.

Militantes do Hamas participam de protesto na Faixa de Gaza
 7/12/2017    REUTERS/Mohammed Salem
Militantes do Hamas participam de protesto na Faixa de Gaza 7/12/2017 REUTERS/Mohammed Salem
Foto: Reuters

Grupos palestinos convocaram um "Dia de Fúria" para esta sexta-feira, e uma onda de protestos na Cisjordânia e em Gaza nesta quinta resultou em confrontos entre palestinos e tropas israelenses. Pelo menos 31 pessoas ficaram feridas por tiros e balas de borracha israelenses, segundo médicos.

Os militares de Israel afirmaram que um avião e um tanque atacaram dois pontos de militantes na Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas, após três foguetes terem sido lançados contra Israel.

Um grupo jihadista em Gaza chamado Brigadas Al-Tawheed, que não segue a instrução do Hamas para não disparar foguetes, assumiu a responsabilidade pelos lançamentos.

Os militares declararam que reforçavam a segurança na Cisjordânia ocupada.

Médicos disseram que 11 pessoas foram atingidas por balas reais e 20 por balas de borracha nos distúrbios desta quinta. Uma delas estava em estado grave.

Alguns manifestantes atiraram pedras nos soldados, e outros cantaram: "Morte a América! Morte ao idiota Trump!".

Na quarta-feira, Trump reverteu uma política norte-americana de décadas ao reconhecer Jerusalém como capital de Israel, irritando o mundo árabe e desapontando aliados ocidentais.

O status de Jerusalém, onde há locais sagrados para muçulmanos, cristãos e judeus, é um dos principais obstáculos para um acordo de paz entre Israel e palestinos.

"Nós devemos convocar e devemos trabalhar para lançar uma intifada (revolta palestina) diante do inimigo sionista", disse Ismail Haniyeh, líder do Hamas, em discurso em Gaza.

No "Dia de Fúria" nesta sexta, manifestações e protestos são esperados perto dos postos de controle israelenses na Cisjordânia e ao longo da fronteira com Gaza.

As orações de sexta-feira na mesquita Al-Aqsa em Jerusalém podem também ser um foco de conflito.

Naser Al-Qidwa, um assessor do presidente da Autoridade Palestina e apoiado pelo Ocidente, Mahmoud Abbas, insistiu para que os palestinos realizem protestos pacíficos.

Nesta quinta-feira, Abbas se encontrou com o rei Abdullah, da Jordânia. O país é um aliado dos EUA, mas classificou a medida de Trump como "legalmente nula".

Israel considera Jerusalém a sua capital eterna e indivisível. Os palestinos desejam que a capital do seu estado próprio seja a região leste da cidade, capturada pelos israelenses na guerra de 1967 e então anexada, uma medida que nunca foi reconhecida internacionalmente. Nenhum outro país tem a sua embaixada em Jerusalém.

Yoav Gallant, ministro israelense responsável pelo setor de habitação, disse que na semana que vem levaria para a aprovação do gabinete 14 mil unidades residenciais, das quais cerca de 6 mil estão previstas para serem construídas em áreas árabes do leste de Jerusalém.

"Após a declaração histórica do presidente Trump, eu pretendo promover e reforçar a construção em Jerusalém", afirmou Gallant em comunicado.

REAÇÃO

Trump anunciou na quarta que o seu governo iniciaria a transferência da embaixada norte-americana de Tel Aviv para Jerusalém, um processo que deve levar anos e que seus antecessores evitaram para não aumentar as tensões.

Israel e os EUA consideram o Hamas uma organização terrorista. O grupo não reconhece o direito de Israel de existir, e seus atentados suicidas a bomba deram força à última intifada, ocorrida entre 2000 e 2005.

Temendo uma interrupção nos esforços de reconciliação entre o Hamas e o Fatah, o primeiro-ministro palestino, Rami Al-Hamdallah, e outros representantes do Fatah chegaram em Gaza nesta quinta para uma reunião com o Hamas.

No Líbano, Sayyed Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah, apoiou os chamados por uma nova intifada. "Estamos enfrentando uma evidente agressão americana", disse.

O grupo militante Al Qaeda na Península Arábica declarou que a decisão de Trump era o resultado das "medidas de normalização" entre os países árabes do Golfo e Israel.

Protestos ocorreram depois do anúncio de Trump na Jordânia, do lado de fora do consulado norte-americano em Istambul e no Paquistão.

Os insurgentes do Taliban no Afeganistão disseram que os EUA estavam "mostrando a sua ambição colonial em território muçulmano".

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