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Guerra na Ucrânia: o desesperado apelo do comandante do último reduto de resistência ucraniana em Mariupol

O major Serhiy Volyna disse que suas tropas não se renderiam, mas pediu ajuda internacional para os 500 soldados feridos e as centenas de mulheres e crianças abrigados com seu batalhão

20 abr 2022 - 18h59
(atualizado às 19h05)
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O major Serhiy Volyna diz que seus homens não vão se render
O major Serhiy Volyna diz que seus homens não vão se render
Foto: Serhiy Volyna / BBC News Brasil

Um comandante da Marinha ucraniana na cidade de Mariupol, sitiada pelos russos, divulgou uma mensagem em vídeo nesta quarta (20/4) dizendo que seus homens tinham apenas algumas horas de vida.

O major Serhiy Volyna está no último reduto de resistência ucraniana na cidade e enviou o vídeo à BBC e a outros meios de comunicação.

Volyna disse que suas tropas não se renderiam, mas pediu ajuda internacional para os 500 soldados feridos e as centenas de mulheres e crianças que ele disse estarem abrigadas com eles em uma indústria siderúrgica - a fábrica de ferro e aço Azovstal, com mais de 10 km² de extensão.

"Esta é nossa última mensagem para o mundo. Pode ser nossa mensagem final. Podemos ter apenas mais alguns dias ou horas de vida", disse o major Volyna.

"Fazemos um pedido de ajuda aos líderes do mundo", acrescentou. "Pedimos que organizem uma extração e nos levem para outro país."

"As unidades inimigas nos superam em número de dez para um, eles têm domínio no ar, artilharia, tropas terrestres e tanques de guerra", reiterou Volyna, que é comandante da 36ª Brigada de Fuzileiros Navais.

A siderúrgica de Azovstal é o último reduto de resistência em Mariupol
A siderúrgica de Azovstal é o último reduto de resistência em Mariupol
Foto: Reuters / BBC News Brasil

Ele não disse quantos soldados ucranianos permanecem na fábrica, mas afirmou que eles têm um "bom espírito de luta".

No entanto, afirmou, a situação dos feridos é "muito grave". "Eles estão no porão, estão apodrecendo lá", disse o major.

Embora o comandante tenha enfatizado que seus homens não se renderiam, na semana passada a Rússia disse que 1.026 soldados daquela unidade, incluindo 162 oficiais, se renderam.

Há outra unidade de combate localizada dentro da siderúrgica. É a Brigada Azov, cujo nome é uma homenagem ao Mar de Azov - que liga Mariupol ao resto do Mar Negro.

Os Azov são uma milícia ligada a nacionalistas de extrema direita, que mais tarde se juntaram à Guarda Nacional Ucraniana. Estima-se que eles tenham cerca de 900 soldados.

A unidade marinha juntou-se ao Azov em Mariupol na semana passada. Não está claro quantas tropas ucranianas conjuntas permanecem na fábrica.

Na terça-feira, os Azov postaram uma mensagem no Telegram: "Vamos lutar, usaremos todos os cartuchos que nos restam, mas pedimos à pátria que salve os civis, salve os feridos e remova os cadáveres".

E os corredores humanitários?

Mariupol tem sido o objetivo estratégico da Rússia desde que suas forças invadiram a Ucrânia, em fevereiro.

O Ministério da Defesa da Rússia deu às forças ucranianas entrincheiradas na fábrica de Azovstal outro ultimato para depor as armas e se render na manhã de quarta-feira, mas o prazo passou sem qualquer sinal de rendição.

Nem um único soldado ucraniano aceitou a oferta que já tinha sido feita na terça-feira, disse o ministério em comunicado.

No entanto, a Ucrânia parece ter chegado a um acordo preliminar com a Rússia para evacuar civis, anunciou a vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk.

Vereshchuk disse que isso envolveria a abertura de um corredor humanitário para mulheres, crianças e idosos. O prefeito de Mariupol, Vadim Boychenko, anunciou anteriormente que seriam abertos corredores de evacuação entre Mariupol e Zaporizhzhia.

Boychenko informou nas mídias sociais que os moradores poderiam embarcar em ônibus na rua Taganrogskaya que também fariam paradas na fábrica Azovstal.

"Durante esses dias terrivelmente longos e difíceis, eles sobreviveram em condições desumanas", disse Boychenko. "Havia um vácuo de informações, estavam sem acesso a nenhuma informação".

No entanto, os acordos para abrir corredores humanitários têm sido difíceis de implementar. O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky disse que "a situação em Mariupol continua a mais grave possível".

Na semana passada, Zelensky disse à BBC que acredita que até 20 mil pessoas foram mortas no bombardeio russo da cidade e que um número desconhecido de civis foi levado para o território russo.

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