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Mundo

Governo Trump instrumentaliza imagem do Papa, diz Vaticano

Visita não combinada de Mike Pompeo gerou mau humor na Santa Sé

30 set 2020 - 09h41
(atualizado às 10h08)
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Um representante de alto escalão do Vaticano afirmou nesta quarta-feira (30) que o governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tenta instrumentalizar a imagem do papa Francisco para obter benefícios eleitorais.

Papa Francisco e Donald Trump durante encontro no Vaticano, em maio de 2017
Papa Francisco e Donald Trump durante encontro no Vaticano, em maio de 2017
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

A declaração foi dada por Paul Richard Gallagher, secretário de Relações com os Estados da Santa Sé, após uma reunião com o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, que faz visita oficial a Roma.

O encontro ocorreu durante um seminário sobre liberdade religiosa organizado unilateralmente pela Embaixada americana no Vaticano.

Ao ser questionado pela ANSA se a realização do simpósio sem combinar com a Santa Sé era uma "instrumentalização" do Papa em plena campanha eleitoral nos EUA, Gallagher respondeu: "Sim, e essa é uma das razões pelas quais o Papa não se reunirá com o secretário Mike Pompeo".

Além disso, Gallagher reclamou, visivelmente irritado, que foi convidado para falar apenas por "poucos minutos" no seminário. "Não se faz isso. Normalmente, quando se preparam visitas de alto nível, se negocia a agenda de forma privada e confidencial, dando a possibilidade de ambos definirem o simpósio", declarou.

Pressões

Os Estados Unidos pressionam o Vaticano a não renovar um acordo com a China relativo à nomeação de bispos católicos, que foi assinado em 2018 e vence em outubro.

Há cerca de 10 dias, Pompeo disse que a Santa Sé colocaria em risco sua "autoridade moral" se prolongasse o pacto. Já nesta quarta, o secretário pediu para Francisco dar provas de "coragem" para combater as perseguições religiosas na China.

"Em nenhum lugar a liberdade religiosa é tão atacada quanto na China", declarou Pompeo no simpósio. O secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin, que participou do seminário, negou uma "irritação" com as cobranças dos EUA, mas disse estar "surpreso" com essa postura.

"Não esperávamos, mesmo conhecendo bem as posições de Trump e do secretário Pompeo", declarou Parolin. Em busca da reeleição, Trump conta com o apoio da ala ultraconservadora do clero americano, que lidera a oposição a Francisco na Igreja Católica.

Um influente cardeal dos EUA, Raymond Burke, já chegou inclusive a insinuar que Jorge Bergoglio é "herege" devido a suas aberturas a gays e divorciados.  

Ansa - Brasil   
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