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Mundo

Governo da Itália substituirá Benetton em concessionária da Ponte Morandi

Os dois lados chegaram a um acordo sobre o destino da Aspi

15 jul 2020 - 10h00
(atualizado às 10h18)
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Quase dois anos depois do desabamento da Ponte Morandi, em Gênova, o governo da Itália e os Benetton chegaram a um acordo na madrugada desta quarta-feira (15) para o Estado assumir a gestão da concessionária responsável pela via.

Desabamento da Ponte Morandi matou 43 pessoas em 14 de agosto
Desabamento da Ponte Morandi matou 43 pessoas em 14 de agosto
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

A família Benetton, conhecida mundialmente por sua presença no setor de moda, controla a holding Atlantia, que possui 88% da Autostrade per l'Italia (Aspi) e reduzirá sua participação de forma gradual até chegar aos 10%.

Por outro lado, o Estado entrará na concessionária por meio da Cassa Depositi e Prestiti (CDP), espécie de Bndes do país e que terá pelo menos 51% das ações. Com isso, a Aspi voltará a ser controlada pelo poder público cerca de 20 anos depois de sua privatização.

A reunião para decidir o futuro da concessionária durou cerca de seis horas, tempo necessário para alinhar as posições do antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), que queria a saída sumária dos Benetton e a revogação das concessões da Aspi, e o centrista Itália Viva (IV), que defendia a permanência do grupo.

O M5S, dono da maior bancada no Parlamento, considera a Atlantia responsável pelo desabamento da Ponte Morandi, ocorrido em 14 de agosto de 2018 e que matou 43 pessoas. Até o momento, no entanto, a Justiça não atribuiu culpas pela tragédia.

A solução encontrada acabou sendo um meio-termo entre M5S e IV, já que evita uma revogação onerosa dos contratos com a Aspi (que poderiam gerar um passivo de 20 bilhões de euros para o governo), mas mantém o grupo Benetton entre os acionistas da concessionária, porém de forma minoritária.

As tratativas se arrastavam havia meses, mas tiveram de ser aceleradas porque a nova ponte será inaugurada em agosto e, sem uma decisão sobre a concessão, sua gestão voltaria para os Benetton, hipótese que era rechaçada pelo governo.

O processo para mudar a estrutura societária e de gestão da Aspi começará em 27 de julho, e a empresa pagará 3,4 bilhões de euros em ressarcimento de danos pela Ponte Morandi.

"O governo afirmou um princípio pisoteado no passado: as infraestruturas públicas são um bem precioso que deve ser gerido de modo responsável, garantindo a plena segurança dos cidadãos e um serviço eficiente", escreveu o primeiro-ministro Giuseppe Conte no Facebook.

"O interesse público prevaleceu sobre um conjunto bem consolidado de interesses privados. O Estado venceu, os cidadãos venceram", acrescentou. A Atlantia está presente em diversos países do mundo, inclusive no Brasil, onde opera mais de 4,3 mil quilômetros em rodovias.

Ansa - Brasil   
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