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Ghosn sofre tratamento "severo" em prisão no Japão, diz mulher

14 jan 2019 - 09h44
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A mulher do ex-presidente do conselho de administração da Nissan Carlos Ghosn pediu que a organização de direitos humanos Human Rights Watch chame atenção para o "severo tratamento" que o executivo está recebendo em uma prisão no Japão, segundo carta vista pela Reuters.

Ex-presidente do conselho de administração da Nissan Carlos Ghosn 03/10/2018 REUTERS/Regis Duvignau
Ex-presidente do conselho de administração da Nissan Carlos Ghosn 03/10/2018 REUTERS/Regis Duvignau
Foto: Reuters

Autoridades japonesas acusaram Ghosn de omitir parte de sua renda e de agravada violação de confiança por transferir temporariamente perdas pessoais com investimentos para a Nissan em 2008.

Em uma carta de nove páginas enviada a Kanae Doi, diretora da Human Rights Watch no Japão, Carole Ghosn pediu que a organização "lance luz sobre o severo tratamento de meu marido e sobre as desigualdades de direitos humanos infligidas contra ele pelo sistema de justiça japonês".

Ghosn era responsável por uma aliança que incluía a Nissan Motor, a Mitsubishi Motors e a francesa Renault, até que sua prisão em novembro e subsequente remoção dos cargos de presidente do conselho das montadoras chocou a indústria.

O governo tem negado pedidos para suspender a detenção do executivo, preso desde 19 de novembro. Os advogados de Ghosn têm dito que provavelmente demorará mais de seis meses para que seu caso vá a julgamento.

O Ministério de Relações Exteriores do Japão disse que os direitos de Ghosn são garantidos pelas leis do país.

"Ele está sendo tratado de acordo com o procedimento apropriado, garantindo os direitos humanos fundamentais dos indivíduos e passando por rigorosa examinação judicial de acordo com relevantes leis internas do Japão", disse o porta-voz do ministério Natsuko Sakata, por email.

A Nissan disse não estar na posição de comentar o funcionamento do sistema judicial ou de qualquer decisão da Procuradoria de Tóquio.

Autoridades da Human Rights Watch não puderam ser encontradas para comentar a carta vista pela Reuters no domingo, mas o diretor da organização para a Ásia, Brad Adams, disse em editorial na quinta-feira que o caso de Ghosn "lançou luz" sobre o há muito negligenciado sistema judicial de "reféns" do Japão.

O ex-executivo da Nissan está sendo mantido em uma cela não aquecida de 6,97 metros quadrados e não está tendo acesso a sua medicação diária, disse sua mulher na carta. Ele perdeu 7 kg desde que foi preso e só come arroz e cevada, acrescentou.

Procuradores japoneses frequentemente tentam extrair confissões de prisioneiros em detenções que podem durar meses, disse Carole Ghosn na carta.

"Por horas todos os dias, os procuradores interrogam ele, intimidam ele, repreendem ele e criticam ele, sem a presença de seus advogados, em um esforço para extrair uma confissão", disse.

"Ninguém deveria ser forçado a suportar o que o meu marido enfrenta todos os dias, especialmente em uma nação desenvolvida como o Japão, a terceira maior economia do mundo".

Ghosn disse ter sido "incorretamente acusado e injustamente detido com base em acusações infundadas e sem mérito", durante audiência em Tóquio na semana passada, sua primeira aparição pública desde novembro, na qual aparentou estar consideravelmente mais magro.

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