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Gentiloni x Tajani, a disputa não declarada pelo governo

Os dois políticos têm trajetória parecida na vida pública

1 mar 2018 - 21h20
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Paolo Gentiloni, 63 anos. Antonio Tajani, 64. Romanos, jornalistas, "nobres" e candidatos não declarados a primeiro-ministro da Itália. Com trajetórias cheias de semelhanças, os dois são os mais cotados para governar o país após as eleições de 4 de março, que podem revelar um cenário de fragmentação e incertezas devido à falta de uma maioria clara no Parlamento.

Gentiloni já é premier desde o fim de 2016 e disputa um assento na Câmara dos Deputados pelo centro-esquerdista Partido Democrático (PD). Tajani, por sua vez, nem candidato é. Ele ocupa desde o ano passado a Presidência do Parlamento Europeu e milita em Bruxelas há mais de duas décadas.

Embora rivais, ambos possuem muitos pontos em comum em suas histórias, começando na adolescência, quando Tajani liderava estudantes de direita, e Gentiloni, de esquerda, no tradicional colégio Torquato Tasso, em Roma.

Os dois também trabalharam como porta-vozes de políticos importantes da Itália: o mais velho, de Silvio Berlusconi, no ano de sua "descida a campo", em 1994; o mais jovem, do então prefeito de Roma, Francesco Rutelli, que governou a "cidade eterna" entre 1993 e 2001.

Tanto Tajani quanto Gentiloni também tentaram assumir o comando da capital da Itália, sendo que o primeiro chegou mais perto, ao perder para Walter Veltroni por 52% a 48% em 2011 - Gentiloni não passou das primárias do PD em 2013.

Embora não tenha "sangue azul", Tajani foi militante da Frente Monárquica Juvenil, enquanto o primeiro-ministro é membro de uma família de nobres italianos, os condes Gentiloni Silveri, que possuíam amplos domínios na região de Marcas.

Ambos deixaram a aristocracia de lado para se lançar na carreira jornalística, sem romper com a veia política que os acompanhava desde a juventude. Gentiloni escreveu para jornais de esquerda e para uma revista ambientalista chamada "Nuova Ecologia", enquanto Tajani contribuiu para o periódico conservador "Settimanale".

Outra semelhança entre eles está no futebol: apesar de nascidos em Roma, eles torcem para a Juventus, embora Gentiloni seja um "tifoso" um pouco mais discreto.

Coalizões

De fato, tanto um quanto outro são vistos como moderados e conciliadores, com poucos inimigos na vida pública. Gentiloni passou a ser cogitado para continuar no cargo devido ao perfil polarizador do atual líder do PD, o ex-primeiro-ministro Matteo Renzi.

Em uma situação de fragmentação no Parlamento, o chefe de governo seria uma figura mais palatável e capaz de atrair apoio entre forças de oposição, como o próprio Força Itália (FI), partido de Tajani e presidido por Silvio Berlusconi. "Quem foi presidente do Conselho dos Ministros, como Gentiloni, poderá jogar suas cartas no futuro", admitiu Renzi recentemente.

Já o FI é o principal pilar da coalizão conservadora que lidera as pesquisas de intenção de voto, mas Berlusconi, inelegível até 2019, não pode exercer cargos públicos e escolheu Tajani para liderar o governo da centro-direita em caso de vitória.

Um indício de que o olhar de Tajani estava mais voltado para Roma do que para Bruxelas é sua recente intervenção junto ao Ministério da Indústria do Brasil para tentar solucionar a crise envolvendo a Embraco, empresa que demitirá quase 500 pessoas na Itália e que virou tema da campanha eleitoral.

Se encontrar uma saída favorável aos italianos, Tajani talvez prejudique a Eslováquia, país para onde a companhia pretende levar sua produção e que também pertence à UE. Na cadeira de primeiro-ministro, no entanto, ele não terá de dar satisfações a Bratislava.

Ansa - Brasil   
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