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Fontes contradizem testemunho de Sessions de que se opôs a encontros com a Rússia

18 mar 2018 - 13h42
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O testemunho do procurador-geral dos EUA, Jeff Sessions, de que ele se opôs a uma proposta da equipe de campanha do presidente Donald Trump em 2016 para encontros com os russos foi refutado por três pessoas que disseram à Reuters terem falado sobre o assunto aos investigadores do procurador especial Robert Mueller ou comitês do Congresso.

Sessions testemunhou no Congresso em novembro de 2017 e na ocasião reagiu à proposta feita pelo ex-assessor de campanha George Papadopoulos em uma reunião da campanha de 31 de março de 2016. Então um senador do Alabama, Sessions presidiu a reunião como chefe da equipe de política externa da campanha Trump.

"Sim, eu reagi", disse Sessions ao Comitê Judiciário da Câmara em 14 de novembro, quando perguntado se ele combateu a proposta de contato com a Rússia feita por Papadopoulos. Sessions também foi entrevistado por Mueller depois disso.

Três pessoas que participaram da reunião da campanha em março de 2016 disseram à Reuters que deram sua versão dos eventos aos agentes do FBI ou aos investigadores do Congresso indicando a interferência russa nas eleições de 2016. Embora os relatos feitos à Reuters tenham diferenças em certos aspectos, todos os três, que se recusaram a ser identificados, disseram que Sessions não expressou objeções à ideia de Papadopoulos.

No entanto, outro participante da reunião, J.D. Gordon, que era o diretor de segurança nacional da campanha Trump, disse aos meios de comunicação, incluindo a Reuters, em novembro, que Sessions se opôs fortemente à proposta de Papadopoulos e disse que ninguém deveria tocar novamente no assunto. Em resposta a um pedido de comentário, Gordon reafirmou no sábado sua declaração.

Sessions, por meio da porta-voz do Departamento de Justiça, Sarah Isgur Flores, recusou-se a comentar além de seu testemunho prévio. O escritório do procurador especial também se recusou a comentar. A porta-voz dos Democratas e Republicanos no Comitê Judiciário da Câmara não comentou imediatamente.

A Reuters não pôde determinar se Mueller está investigando discrepâncias nos relatos da reunião de março de 2016.

As três testemunhas, que não foram divulgadas, levantam novas questões sobre o testemunho de Sessions sobre o caso.

Sessions inicialmente não revelou ao Congresso as reuniões que ele teve com o ex-embaixador russo Sergey Kislyak e testemunhou em outubro que não tinha conhecimento de funcionários de campanha se comunicavam com os russos.

Alguns democratas apontaram as discrepâncias no testemunho de Sessions para sugerir que o procurador-geral pode ter cometido falso testemunho. Uma acusação criminal exigiria mostrar que Sessions teve a intenção de enganar. Sessions disse ao Comitê Judiciário da Câmara que sempre disse a verdade e apresentou o melhor de suas lembranças.

Especialistas jurídicos expressaram opiniões divergentes sobre o significado das contradições citadas pelas três fontes.

Sessions pode argumentar não lembrar corretamente dos acontecimentos ou interpretar sua resposta de maneira diferente, fazendo com que qualquer contradição não seja intencional, disseram alguns especialistas.

Jonathan Turley, professor de direito na Universidade George Washington, disse que as palavras de Sessions podem ser muito vagas para formar a base de um caso de falso testemunho porque pode haver diferentes interpretações sobre o que os termos significam.

"Se você está falando de declarações falsas, os promotores procuram algo que seja concreto e claro", disse ele.

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