FMI cobra acesso universal a vacinas anti-Covid
Países ricos concentram metade das doses de imunizantes
O Fundo Monetário Internacional (FMI) cobrou nesta terça-feira (6) que os países trabalhem para garantir "vacinação universal" contra o novo coronavírus.
Segundo a economista chefe do FMI, Gita Gopinath, é "profundamente inquietante" que nações de alta renda que reúnem 16% da população do planeta tenham reservado 50% das doses oferecidas pela indústria farmacêutica.
"Os países vão precisar trabalhar juntos para resolver gargalos e aumentar a produção, garantir acesso universal, inclusive por meio de financiamentos à Covax Facility - da qual muitos países de baixa renda dependem para obter doses -, e evitar controles de exportação", escreveu Gopinath no novo relatório de projeções do FMI.
De acordo com a economista-chefe, a indústria de vacinas está tentando produzir "três vezes mais" que em um ano normal. "Não é surpresa que ela enfrente grandes desafios, incluindo gargalos no fornecimento de insumos", acrescentou.
Segundo o portal Our World in Data, já foram aplicadas cerca de 679 milhões de doses de vacinas anti-Covid no mundo, mas quase 50% estão concentradas na Europa e na América do Norte. A África, que tem 15% da população do planeta, responde por menos de 2% das doses administradas até o momento.
Projeções
Apesar das incertezas relativas à vacinação contra a Covid-19, o FMI revisou para cima suas projeções de crescimento da economia mundial em 2021 e 2022.
Segundo o relatório do fundo, o produto interno bruto (PIB) global terá expansão de 6,0% e 4,4% nos próximos dois anos, o que representa altas de 0,5 e 0,2 ponto, respectivamente, em relação às projeções anteriores.
Para o Brasil, o FMI aumentou em 0,1 ponto sua previsão de crescimento em 2021, agora em 3,7%, e manteve em 2,6% a estimativa para 2022. Já a economia dos Estados Unidos deve ter alta de 6,4% neste ano (+1,3 ponto em relação à projeção anterior) e de 3,5% no ano que vem (+1,0).
Para a zona do euro, o fundo prevê expansão de 4,4% em 2021 (+0,2 ponto) e de 3,8% em 2022 (+0,2), enquanto a Itália deve ter crescimento de 4,2% (+1,2) neste ano e de 3,6% no próximo, estimativa que foi mantida em relação à projeção anterior.
No entanto, o próprio FMI ressaltou que há "grande incerteza" em relação às projeções e que o futuro apresenta "difíceis desafios". "A pandemia ainda não foi superada, e os casos estão acelerando em vários países", alertou a instituição.