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Florença aprova moção em prol de indígenas da Amazônia

Líder de tribo denunciou falta de responsabilidade do Brasil

21 out 2019 - 16h21
(atualizado às 17h27)
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O Conselho da cidade de Florença, na Itália, aprovou nesta segunda-feira (21) uma moção a favor das tribos indígenas "Huni Kuin", após a intervenção do líder da população no Brasil, Sia Huni Kuin Kaxinawa, um dos maiores da Amazônia. O objetivo do documento é demonstrar "solidariedade com os povos indígenas e apoio à sua batalha para reafirmar o direito à sua terra e cultura, que coincide com o de todos os povos e com a salvaguarda do planeta". Além disso, ele também prevê que o conselho municipal mantenha o compromisso de continuar o trabalho de redução de desperdícios, além de conscientizar sobre a reutilização e o descarte gradual de plásticos. A ideia é que o governo regional dissemine a cultura ambiental e a sustentabilidade nas escolas de Florença. "Estou aqui para ser o porta-voz da luta pacífica que minha população está liderando e das tradições milenares que queremos poder continuar a perseguir. É importante falar sobre a história da Amazônia e o que está acontecendo", afirmou o líder indígena.

Florença aprova moção em prol de indígenas da Amazônia
Florença aprova moção em prol de indígenas da Amazônia
Foto: Foto / Divulgação / Ansa - Brasil

    Durante seu discurso, Kaxinawa denunciou a falta de responsabilidade por parte do governo brasileiro, porque "nossa terra é rica em água, minerais preciosos, mas nos encontramos com um governo que olha para os outros interesses econômicos, não a proteção dessa grande riqueza". "Há um desastre ambiental em andamento. Vinte e cinco por cento da floresta se transformou em fumaça. A mensagem é unir forças para encontrar uma maneira de lutar juntos", acrescentou. Para Kaxinawa, é muito importante compartilhar essas experiências, porque "para os povos indígenas a situação é muito difícil, é difícil cultivar nossas tradições ancestrais, como temos feito há anos e anos.

    "O apelo é defender e garantir os direitos humanos e civis, o respeito a todos e ao meio ambiente. A luta deve ser sem armas, pacífica", ressaltou. Ele ainda aproveitou a oportunidade para lançar um apelo "por maior unidade, igualdade e sustentabilidade de todos os seres humanos". Logo depois de sua intervenção, o presidente do Conselho Municipal de Florença, Luca Milani, doou um lírio vermelho, símbolo da região, "para que ele se lembre da cidade" e o homenageou com a reprodução do mapa da Amazônia.

    A moção em prol das tribos indígenas foi proposta pelo presidente da Comissão de Meio Ambiente, Leonardo Calistri, do Partido Democrático (PD), e assinada por seus membros, como Renzo Pampaloni, Benedetta Albanese e Letizia Perini. A legenda Irmãos da Itália (FDi), por sua vez, propôs conceder a presidência honorária do conselho ambiental a Sia Huni Kuin Kaxinawa. Entre os signatários estão representantes do Movimento 5 Estrelas (M5S) e de centro-esquerda, como Ubaldo Bocci. No entanto, esta decisão foi adiada, uma vez que a consulta ambiental ainda não foi estabelecida. De acordo com Calistri, a iniciativa foi criada porque a Amazônia "é a floresta tropical mais importante do mundo, tem um papel fundamental para o equilíbrio do planeta e agora está literalmente sob ataque, também devido às políticas soberanas do presidente Jair Bolsonaro que não protege essa riqueza real como deveria".

    "Em relação às mudanças climáticas e o aquecimento global, não pode haver final feliz a menos que a Amazônia esteja protegida.

    Devemos reafirmar fortemente os direitos dessas populações, por sua terra, sua cultura e espiritualidade, não apenas em palavras, mas com uma conversão cultural, a fim de não trair nossos jovens, seu futuro, nosso planeta que é a nossa casa comum", explicou o italiano. Para o presidente da Comissão de Meio Ambiente, Florença já tem feito sua parte há muito tempo, inclusive o governo aderiu ao Pacto Europeu de Prefeitos sobre energia e clima. "A execução de políticas ambientais ainda mais fortemente é necessária com mais urgência. Devemos pensar de forma global e agir no local", concluiu.

Ansa - Brasil   
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