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Fianna Fail descarta acordo e bloqueia caminho do Sinn Fein ao poder

13 fev 2020 - 13h40
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O maior partido da Irlanda, Fianna Fail, descartou formar um governo com o Sinn Fein, disse um importante parlamentar, em um movimento que provavelmente impedirá os nacionalistas de esquerda de assumirem o poder pela primeira vez.

Líder do Sinn Fein, Mary Lou McDonald
09/02/2020
REUTERS/Phil Noble
Líder do Sinn Fein, Mary Lou McDonald 09/02/2020 REUTERS/Phil Noble
Foto: Reuters

A medida aumenta as chances de a Irlanda ser forçada a ir às urnas novamente nos próximos meses, disse um analista, o que poderia fortalecer ainda mais o Sinn Fein, cujo apoio aumentou 50% nas eleições do último fim de semana, em parte devido à raiva causada por uma crise imobiliária.

O partido de centro-direita Fianna Fail tentará formar um governo que não inclua o Sinn Fein, disse à Reuters o parlamentar sênior Niall Collins, ao deixar uma reunião dos parlamentares do partido.

"Demos licença ao líder do partido para falar com quem ele precisa falar, com exceção do Sinn Fein", disse Collins. O partido o apoia totalmente, acrescentou.

Sinn Fein, Fianna Fail e o partido de centro-direita Fine Gael do primeiro-ministro, Leo Varadkar, garantiram pouco menos de um quarto dos assentos no Parlamento nas eleições do último fim de semana, o que significa que será difícil formar um governo, a menos que pelo menos dois dos três cooperem.

O Fine Gael, que tem 35 cadeiras no Parlamento de 160 cadeiras, já descartou um acordo com o Sinn Fein, que tem 37. O Fianna Fail é o maior partido com 38 cadeiras.

Fine Gael e Fianna Fail há muito evitam o Sinn Fein, citando diferenças de política e os vínculos históricos do partido com o IRA, que lutou contra o domínio britânico na Irlanda do Norte por décadas em um conflito no qual cerca de 3.600 pessoas foram mortas antes de um acordo de paz de 1998.

Os dois partidos também se opõem às promessas do Sinn Fein de mais gastos, sua promessa de descartar o imposto predial e os planos de aumentar o Imposto de Renda sobre os que recebem mais, o que, segundo eles, desencorajariam as multinacionais estrangeiras que empregam um em cada dez trabalhadores irlandeses.

Pesquisas mostraram que os eleitores rejeitaram as siglas tradicionais no tocante aos temas centrais de campanha, da saúde pública e do custo alto e da pouca disponibilidade de moradias, seduzidos pelas promessas de mais gastos e de congelamentos de aluguéis residenciais feitas pelo Sinn Fein.

Nesta quinta-feira, o Sinn Fein admitiu efetivamente que não tem como formar um governo sem um dos dois grandes partidos, com a líder Mary Lou McDonald dizendo a jornalistas que seria "muito, muito complicado construir tal governo".

Questionado sobre qual seria o governo mais provável agora, Collins disse "quem sabe, talvez não seja possível" formar um governo.

Questionado se o Fianna Fail conversaria com o Fine Gael sobre a formação de um governo, Collins disse: "Isso não foi realmente discutido."

Alguns parlamentares de Fianna Fail sugeriram que o partido poderia liderar um governo minoritário semelhante ao governo anterior que Varadkar liderou por meio de um acordo de cooperação com o próprio Fianna Fail, então o principal partido da oposição.

Mas o ministro das Relações Exteriores Simon Coveney, do Fine Gael, repetiu sua opinião pessoal de que outro governo minoritário não era uma boa idéia depois que os dois partidos tiveram um desempenho ruim nas eleições.

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