F- 35: DE PROMESSA À FRACASSO BILIONÁRIO Texto: Jéssica FreitasArte: Terra Uma promessa incrível, feita há 18 anos. O projeto F-35 seria responsável pela construção de três caças de última geração, com o melhor que cada Força Armada precisa em uma guerra. No entanto, atrasos e mais atrasos causaram um aumento absurdo no preço, transformando o sonho em pesadelo. Assim nasceu o mais caro projeto da história da aviação mundial. Saiba mais. O PLANO A ideia era promissora: seriam construídos três modelos diferentes de uma aeronave supersônica. Os caças – um para a Marinha, um para a Força Aérea e outro para o Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos – seriam de 5ª geração e teriam um custo baixo, em contraposição à alta qualidade. Diversos parceiros internacionais ficaram interessados e fizeram suas encomendas. Monomotor, o F-35 tem o motor mais potente instalado em um caça de combate. Além disso, promete ser dificilmente identificável por radares. A intenção inicial era que uma mesma plataforma desse origem aos três caças, permitindo que assumissem funções distintas, mas tivessem 80% de semelhança entre eles. Conheça as principais características dos modelos: F-35A - Extraordinária aceleração - Perfeita execução de manobras - Processamento potente, logo, indispensável coletor e transmissor de dados. - Decolagem: curta - Aterrissagem: convencional (necessita de pista de pouso) - Armamento básico: metralhadora GAU-12, de 25 mm (pode ser usada como arma externa) - Grande capacidade de munição interna, contendo: uma arma principal, dois mísseis secundários, duas armas embaixo das asas e quatro nos suportes fixos - Quantidade de munições: 180 tiros - Tripulação: um piloto F-35B - Decolagem: curta e vertical - Aterrissagem: vertical (não necessita de pista de pouso) - Armamento básico: metralhadora GAU-12, de 25 mm - Grande capacidade de munição interna, contendo: uma arma principal, dois mísseis secundários, duas armas embaixo das asas e quatro nos suportes fixos - Quantidade de munições: 220 tiros - Tripulação: um piloto F-35C - Versão para uso em porta-aviões - Estrutura interna e trem de aterrissagem reforçados para pousos nesse tipo de embarcação - Armamento básico: metralhadora GAU-12, de 25 mm (pode ser usada como arma externa) - Grande capacidade para munição interna, contendo: uma arma principal, dois mísseis secundários, duas armas embaixo das asas e quatro nos suportes fixos - Quantidade de munições: 220 tiros - Tripulação: um piloto PREÇO Ao contrário do esperado, não foi possível chegar a um preço acessível para a construção das aeronaves supersônicas. O total estimado para a pesquisa e o desenvolvimento do programa F-35 era de US$ 34,4 bilhões em outubro de 2001. Na época, esperava-se concluir o desenvolvimento do projeto em abril de 2012. Em 2011, o valor subiu para US$ 49,3 bilhões e o prazo foi prorrogado para abril de 2016. O custo de produção de cada aeronave, antes estimado em US$ 59 mil, passou para US$ 112 milhões. Em 2014, após quase duas décadas de concepção e desenvolvimento, o custo total do projeto disparou até cerca de US$ 400 bilhões, sendo o projeto armamentista mais caro da história do Pentágono. ATRASOS O primeiro prazo de conclusão do projeto F-35, estabelecido em 1996, era o ano de 2008. Estava agendada a entrega de 2978 aeronaves pra os Estados Unidos e outras 60 para Marinha real britânica. Em maio de 1997, a promessa de compras dos EUA diminuiu para 2852 aviões. A partir de 2001, o projeto sofreu novos atrasos e o custo começou a disparar. Com isso, foram necessários novos investimentos dos compradores: US$ 37 milhões a mais foram aplicados na decolagem e aterrissagem do F-35A; US$ 46 milhões adicionais foram investidos na decolagem vertical do F-35B e US$ 48 milhões foram investidos na versão da Marinha. Em 2002, o Pentágono revisou os cálculos e decidiu reduzir mais uma vez a encomenda, prometendo cerca de 2600 aeronaves. No início de 2003, foi anunciado que o sistema operacional ainda não estaria lançado em 2008. O sistema só foi, e fato, criado em 2011. Prevendo o período de testes, os responsáveis prometeram que os aviões estariam prontos para entrega em 2012. Em 2010, todos os caças F-35 foram proibidos de voar até que um problema com o software que controlava a bomba de combustível – que estava se desligando em pleno voo – fosse solucionado. Além disso, no mesmo ano, foram alegadas “dificuldades de engenharia de software e de voo” e atrasos de até três anos para o modelo F-35B. Em 2012, na primeira tentativa de treinamento (na realidade um voo de checagem) em um F-35 na base aérea norte-americana, o voo teve que ser interrompido por uma "emergência de voo": um potencial vazamento de combustível. Em 2013, por conta dos atrasos e dos novos cálculos a respeito do preço de cada uma das aeronaves, esperava-se que o F-35 pudesse começar a guerrear apenas em 2016. Em 2014, em mais uma sessão de treinamento, foi registrado um incêndio no motor do caça e o piloto teve que se ejetar. Isso causou ainda mais atrasos e as primeiras unidades estão prometidas aos países que encomendaram os aviões para o final de 2015. PRINCIPAIS CRÍTICAS Como o projeto gerou interesse de diversos países – que encomendaram suas aeronaves – o F-35 tem sido alvo de críticas por nações do mundo todo. A maior, obviamente, é a questão do atraso, que acarretou em um aumento catastrófico no custo do projeto. O que era vendido como uma promessa de alto custo/benefício acabou se tornando um problema aos países envolvidos, que já cogitam cancelar os pedidos. Também por conta do atraso, a qualidade esperada para o avião tem deixado a desejar. Os responsáveis pela execução do projeto já admitiram que será necessária uma maior distância na pista de pouso e decolagem, para o modelo F-35A, por exemplo. Outro problema relatado é a mudança em aspectos estéticos dos aviões, como uma nova configuração da abertura da tomada de ar, o que influencia diretamente na aerodinâmica das aeronaves. Há quem defenda que tal mudança ajuda na questão da capacidade de manobras, mas muitos acreditam que essa alteração afeta seu esperado alto nível de desempenho. Além disso, havia a promessa de que o caça seria stealth (quase invisível aos radares), o que é altamente desejável em um cenário de batalha. No entanto, já se comprovou que o F-35 não será totalmente invisível, mas apenas dificilmente localizável. Radares russos já seriam capazes de localizá-lo. Há também a crítica de que o F-35A ofereça uma visibilidade limitada ao piloto, que não consegue observar com facilidade um inimigo aproximando-se pela retaguarda. Os mecânicos também enfrentam dificuldades. Tem sido necessário mais de dois dias para trocar um motor, ao invés das duas horas inicialmente planejadas. Como a unidade de bateria é vulnerável em temperaturas baixas, as equipes de terra têm de manter as aeronaves em hangares aquecidos à noite, ocupando espaço que poderia ser usado por jatos necessitando de reparos. BOEING X LOCKHEED Em novembro de 1996, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos anunciou que a Boeing e a Lockheed Martin foram as empresas escolhidas para competir na fase de concepção e desenvolvimento do projeto F-35. As duas receberam um contrato para a construção de dois protótipos que, em voos de teste, competiram para demonstrar os respectivos conceitos para as três variantes do programa. Em outubro de 2002, o Departamento de Defesa escolheu o projeto da Lockheed como vencedor da competição. No entanto, em 2013, com os países reavaliando as encomendas feitas - por conta dos constantes atrasos - a Boeing tomou a iniciativa de oferecer uma opção mais barata e igualmente moderna. Segundo a empresa, o “Super Hornet (F-18) é um caça comprovado, enquanto o F-35 é apenas um conceito, e dos mais caros". Tanto a Boeing quanto a Lockheed Martin dizem que seus aviões são superiores em diversos aspectos. A característica principal destacada pela Lockheed Martin é a furtividade (aviões furtivos possuem capacidade baixíssima de serem detectados por radares). A da Boeing é o preço. Logo, trata-se de uma batalha de gigantes e de bons negociadores. PRINCIPAIS CONCORRENTES ***aqui vamos fazer uma comparação com ilustração e especificações dos outros principais caças semelhantes ao f-35 f-18 Origem: EUA Tipo de aeronave: Avião multi-função de caça e ataque. Velocidade máxima: 2.221 km/h Alcance: 3.312 km Teto operacional: Comprimento: 18,31 m Envergadura: 13,61 m Altura: 4,88 m Peso ( vazio | máximo ) : 10.735 kg | 29.564 kg Motores: 2x General Electric F414-GE-400 Empuxo: 2 x 22.000 libras Armamento: Um canhão M61A1 de 20mm, mais 8,050 kg de armamentos. Países operadores: Austrália, Estados Unidos rafale Origem: França Tipo de aeronave: Avião multifunção Velocidade máxima: 2.130 km/h Alcance: 1.093 km Teto operacional: Comprimento: 15,30 m Envergadura: 10,90 m Altura: 5,34 m Peso ( vazio | máximo ) : 9.060 kg | 19.500 kg Motores: 2 x SNECMA M88-2 Empuxo: 2 x 7.450 kg Armamento: Um canhão DEFA 791 B de 30mm, mais 6.000 kg de armamento em 14 pontos externos. Países operadores: Brasil (FX-2), França, Líbia a-10 Origem: EUA Tipo de aeronave: Avião de ataque e suporte aproximado Velocidade máxima: 710 km/h Alcance: 402 km Teto operacional: Comprimento: 16,26 m Envergadura: 17,53 m Altura: 4,47 m Peso ( vazio | máximo ) : 11.321 kg | 22.680 kg Motores: 2 x General Electric TF34-GE-100 Empuxo: 2 x 4.112 kg Armamento: Um canhão rotativo GAU-8/A de 30 mm, mais 7.258 kg de armamentos em 11 pontos externos, incluindo bombas convencionais, bombas guiadas, bombas incendiárias, bombas cluster, mísseis ar-superfície AGM-65 Maverick e pods de canhões SUU-23 de 20mm Países operadores: EUA Eurofighter EF-2000 Typhoon Origem: Alemanha, Espanha, Irália e Reino Unido Tipo de aeronave: Avião caça multi-função Velocidade máxima: 2.126 km/h Alcance: 550 km Teto operacional: Comprimento: 14,50 m Envergadura: 10,50 m Altura: 4,00 m Peso ( vazio | máximo ) : 9.750 kg | 21.000 kg Motores: 2 x Eurojet EJ200 Empuxo: 2 x 9.185 kg Armamento: Um canhão Mauser BK27 de 27mm, mais 6.500 kg de armamentos em seis pontos externos. Países operadores: Alemanha, Arábia Saudita, Áustria, Espanha, Itália, Omã, Reino Unido Lockheed Martin F-35 Lightning II Origem: EUA Tipo de aeronave: Avião caça multifunção stealth Velocidade máxima: 2.065 km/h Alcance: 2.220 km Teto operacional: Comprimento: 15,47 m Envergadura: 10,70 m Altura: 5,18 m Peso ( vazio | máximo ) : 13.300 kg | 31.800 kg Motores: 1 x Pratt & Whitney PW611 Empuxo: 1 x 28.000 libras Armamento: Um canhão BK-27 Mauser de 27mm, mais aproximadamente 7.000kg de armamentos. Países operadores: Ainda não entrou em operação f-16 Origem: EUA Tipo de aeronave: Avião multifuncional Velocidade máxima: 2.410 km/h Alcance: 3.886 km Teto operacional: Comprimento: 15,03 m Envergadura: 10,00 m Altura: 5,09 m Peso ( vazio | máximo ) : 8.273 kg | 19.200 kg Motores: 1 x Pratt & Whitney F100-PW-229 ou General Electric F110-GE-129 Empuxo: 1 x 13.154 kg Armamento: Um canhão M61A1 Vulcan de 20mm, mais 9.276 kg de diversos armamentos em 9 pontos externos. Países operadores: Barein, Bélgica, Chile, Coréia dos Sul, Dinamarca, Egito, Emirados Árabes Unidos, Grécia, EUA, Holanda, Indonésia, Israel, Itália, Jordânia, Marrocos, Noruega, Omã, Paquistão, Polônia, Portugal, Singapura, Taiwan, Tailândia, Turquia, Venezuela mais especiais de notícias